A denúncia feita pelo delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, “trem pagador” do doleiro Alberto Youssef, de que o laboratório-lavanderia Labogen seria divido em quatro partes, uma delas cabendo ao petista Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, traz mais uma vez ao cenário da Operação Lava-Jato um abusado empresário de Brasília.
De nome Alceu, o tal empresário foi – quiçá ainda é – sócio do também petista André Vargas, ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados e cumprindo pena de prisão no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Grande Curitiba, por suas relações pouco ortodoxas com Youssef.
Vargas mantinha com o empresário Alceu e um estafeta de nome Marcelo uma sociedade capaz de causar arrepios nos mais experimentados mafiosos. O trio fraudou contatos com a Caixa Econômica Federal e com o Ministério da Saúde, operação que rendeu aos alarifes boas quantias em dinheiro.
Conhecido por sua extravagância e apreço pela gastança, Alceu já viveu momentos dourados, quando integrava o bando de André Vargas, mas desde a prisão do comparsa reduziu ligeiramente suas incursões no universo dos endinheirados de Brasília, mas não se absteve de viagens internacionais bisonhas e aquisição de imóveis milionários.
Outrora dono de um jato executivo que ficava à disposição do “capo” André Vargas, o empresário brasiliense decidiu mudar de endereço e rompeu o ano em nova propriedade. Alceu adquiriu uma luxuosa e cara mansão à beira do Lago Paranoá, para onde levou sua frota de carros importados. Ele deixou um confortável apartamento de cobertura no setor Noroeste de Brasília, imóvel avaliado em pouco mais de R$ 3 milhões, em cuja garagem guardava um Porsche Cayenne, um Land Rover Evoque, uma camionete VW Amarok e um BMW, este último utilizado pela filha, que pelo jeito cultiva o mesmo apreço do pai pela vida nababesca.
Alceu, ainda amedrontado, tem divido a agenda entre arrumar os últimos detalhes da nova mansão, visitas costumeiras ao escritório que mantém no concorrido edifício Brasil 21 e viagens internacionais que fogem dos roteiros convencionais percorridos pelos reles mortais. O que merece atenção redobrada da Polícia Federal, em especial nos aeroportos brasileiros, de onde o sócio de André Vargas parte para seus périplos em outros países, possivelmente para checar a contabilidade canhestra.
O medo do empresário de ser preso no rastro da Lava-Jato é tamanho, que o simples fato de o nome do agente federal Newton Ishii, o “Japonês da PF”, ser mencionado já causa taquicardia e tremedeira. Essa receita do milagre da multiplicação, bem guardada por Alceu, deveria ser melhor investigada pela Polícia Federal, que ainda tem uma lista de ações programadas no âmbito da Operação Lava-Jato.
O editor do UCHO.INFO, que em breve deporá como testemunha em um dos processos da Lava-Jato, sugerirá aos delegados da PF uma incursão mais minuciosa no reino dourado de Alceu, o poderoso e arrogante sócio de André Vargas. Afinal, nada melhor do que passar o Brasil a limpo iniciando a faxina por Brasília.