Zelotes: PF suspeita que pagamento a filho de Lula tem relação com compra de caças suecos

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A Polícia Federal acredita que os pagamentos no montante de R$ 2,5 milhões feitos a um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio da Silva tenham relação com a compra dos caças suecos Gripen, da Saab, pela Força Aérea Brasileira (FAB), e não apenas com a criminosa compra de medidas provisórias, prática confirmada por um ex-integrante do governo investigado no esquema.

Ao ser indagado se os repasses a Luís Cláudio Lula da Silva foram “alguma contraprestação por serviços prestados” pelo ex-presidente “à Saab para que essa viesse a vencer a concorrência para a compra dos caças”, Lula disse, conforme registrado na transcrição do depoimento, que “nega veementemente e considera essa hipótese um absurdo, já que nunca teve atuação relacionada a esse assunto”.

O delegado Marlon Cajado também quis saber se os valores pagos a Luís Cláudio seriam “em decorrência da elaboração de medidas provisórias por ele, enquanto presidente, ou para influenciar em ‘vetos’ ou ‘não vetos’ a emendas em medidas provisórias”. O petista declarou que considera essa hipótese “outro absurdo, uma vez que as medidas provisórias seguiram todo o trâmite regular dentro do poder Executivo e foram aprovadas pelas duas casas do Congresso Nacional”.

Como revelou o jornal “O Estado de S. Paulo”, em outubro do ano passado, a empresa LTF Marketing Esportivo, que pertence a Luís Claudio, recebeu pagamentos de R$ 2,5 milhões da Consultoria Marcondes e Mautoni Empreendimentos, do lobista Mauro Marcondes Machado, que está preso, junto com a mulher, Cristina Mautoni, acusados de operar suposto esquema de pagamento de propina a servidores e autoridades federais para viabilizar medidas provisórias do interesse de montadoras de veículos.


Mauro Marcondes também foi representante do grupo que controla a Saab. Documentos apreendidos pela PF indicam que ele ainda fez gestões junto ao governo federal pela compra de caças.

O ex-presidente Lula foi questionado sobre documentos apreendidos na Marcondes e Mautoni que faziam menção a tratativas com o ex-presidente e o Instituto Lula para favorecer a Saab. Um deles citava uma “solicitação da empresa sueca para que o ex-presidente levasse seu apoio à contratação da Saab para a presidente Dilma (Rousseff)”. O petista declarou que “nunca recebeu ou levou esse assunto ao conhecimento da presidente”. Ele também frisou que “nunca discutiu com Dilma sobre a contratação de caças para a indústria brasileira”.

Vale destacar que a negociação para a compra dos caças começou no governo Lula e foi concluída na gestão Dilma. Ao fim de seu segundo mandato, em 2010, o ex-presidente declarou que conversaria sobre o assunto com a então presidente eleita. “É uma decisão importante, daquelas que não posso tomar sozinho, faltando um mês e meio para terminar meu mandato, porque é uma decisão do longo prazo”, disse o petista.

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