Segundo o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Jarbas Barbosa, o Brasil e os Estados Unidos planejam o desenvolvimento e a produção de uma vacina contra o zika vírus. Os dois governos devem costurar um acordo ainda nesta semana, em Genebra.
Vale destacar que a iniciativa ocorre no momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) emite um alerta de que a doença deve se espalhar pela maior parte do continente americano. “Para esse desenvolvimento de uma vacina, poderemos estabelecer uma rede de cooperação com os Institutos Nacionais de Saúde americanos (NIH, sigla em inglês)”, afirmou Barbosa, que está na Suíça para reuniões na OMS.
De acordo com ele, a entidade americana reúne centros que já trabalham com o Brasil na vacina da dengue em desenvolvimento pelo Instituto Butantã de São Paulo. “Vamos ter uma conversa aqui em Genebra com os americanos exatamente para isso”, revelou.
Entretanto, Barbosa ressalta que a aliança não estará fechada à participação exclusiva do Brasil e dos Estados Unidos. “Outros países poderão se unir. É uma preocupação global”, disse.
A vice-diretora-geral da OMS, Marie Paule Kieny, apontou que os trabalhos “começam a ser feitos”. Ela destacou, contudo, que a comunidade médica não pode esperar que um produto esteja no mercado em menos de um ano. “Enquanto isso, a medida que temos de adotar é a de fortalecer o combate ao vetor (o mosquito Aedes aegypti)”, disse.
A proliferação dos casos para 21 países também levou a OMS a convocar uma reunião especial em Genebra para a próxima quinta-feira, 28, quando a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) apresentará as últimas informações e dados sobre a realidade da doença e o Brasil também deve se pronunciar no encontro.
Este novo cenário já fez a OMS assumir para si o combate à doença. No comando, Marie Paule afirmou que, neste momento, faz “um mapeamento de quem está fazendo o que na luta contra a doença”.
Na segunda-feira (25), a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, falou pela primeira vez sobre os casos nas Américas e exigiu que governos notifiquem à organização todos os registros de zika.
A OMS foi duramente criticada pela demora em lidar com o surto de ebola, no ano retrasado, e foi obrigada a passar por uma reforma justamente para ter maior controle sobre surtos pelo mundo.
Investigações internas mostram que governos e mesmo entidades internacionais abafaram por meses os casos de ebola, buscando preservar economias locais. A OMS também admitiu sua culpa ao fazer um alerta sobre o problema somente quatro meses depois dos primeiros registros.
“Pedimos transparência a todos. A proliferação explosiva do vírus para novas áreas geográficas, com populações com pouca imunidade, é causa de preocupação”, declarou.
O mosquito está presente em todos os países do Hemisfério Ocidental, salvo Chile e Canadá – onde o inverno rigoroso se torna um impeditivo para o Aedes, sempre registrado em áreas tropicais e subtropicais.
“A Opas antecipou que o zika vírus vai continuar a se espalhar e provavelmente atingirá todos os países e territórios onde os mosquitos sejam encontrados”, ressaltou a diretora-geral.
Enquanto isso, o número de casos de dengue continua a crescer na Argentina. Em Buenos Aires foi adotada a fumigação em áreas abertas para o combate ao mosquito Aedes aegypti.
