(*) Ipojuca Pontes
“Não tem viva alma mais honesta do que eu” – Lula da Silva
Seria cômico se não fosse trágico. Nos últimos meses, numa prática que já se tornou rotina, o ex-presidente Lula da Silva, o Ogro Pilantrópico dono do PT, só aparece na Polícia Federal para depor na qualidade de “informante”. Desde logo, a pergunta que se impõe à nação é a seguinte: por que o Dr. Lula, mentor de um partido reconhecidamente criminoso, depõe apenas como informante?
Segundo a mídia amestrada, a trupe do Supremo Tribunal Federal, nomeada na vigência do arbítrio petista, não admite que o Ogro deponha na condição de investigado ou mesmo que seja arrolado como testemunha (quem sabe para não ferir a reputação de Sua Excia ou talvez para evitar que ele seja levado, mais cedo do que se imagina, às barras dos tribunais).
Mas não deixa de ser notável, para não dizer esdrúxulo, que um tipo que “nunca viu nada nem sabe de nada” seja convocado para dar ciência sobre escândalos nos quais se vê envolvido como eminência parda – embora ele seja considerado por muitos, tal qual o lúbrico cacique Paiakan, uma figura inimputável.
De relance, são incontáveis as estripulias que envolvem Lula. As mais recentes, questionadas pela Policia Federal, são as seguintes:
1) Foi mesmo por “gratidão” que o líder carismático indicou Nestor Cerveró diretor da BR Distribuidora, logo depois de o delator ter fechado contrato de R$ 1,300 bilhão com o enrolado Grupo Schahin, dos quais 12 milhões de reais teriam abastecido o saco sem fundo do PT para financiar a reeleição do honorável Lula?
2) Por que Léo Pinheiro, empreiteiro da 0AS condenado pela Justiça Federal a 18 anos de prisão por negócios escusos com o PT, foi instado por Lula para dar apoio a Rosemary Noronha, sua amiga íntima, ex-secretária da Presidência da República-SP, curiosamente indiciada pela Polícia Federal por corrupção passiva, formação de quadrilha e tráfico de influência? Detalhe: numa anotação, o empreiteiro, debochado, comenta, tratando Lula pelo apelido de “Brahma”: “O nosso amigo voltou a se queixar. Segundo ele, o assunto (apoio) não andou nada. Agradeceu e pediu para esquecer. Disse-lhe que encontraríamos uma solução”. Adendo: ainda que indiciada, Rose, amiga intima de Lula, está sendo resguardada por banca de advogados caros.
3) Outro pepino de difícil digestão: os R$ 2 milhões que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente e portador de passe livre para entrar a qualquer hora no Palácio do Planalto, repassou a uma das noras do ex-presidente. Para o delator Fernando Baiano, o dinheiro era proveniente de negócios escusos da Petrobras. De acordo com a mídia, por conta da amizade com Lula, Bumlai obteve empréstimo de R$ 101 milhões do BNDES para financiamento da problemática Usina São Fernando, hoje em processo de falência.
4) Outro escândalo de clamor nacional: no rescaldo investigativo da Operação Zelotes sobre manipulações de medidas provisórias do governo, Luiz Cláudio Lula da Silva, o Lulinha II, dono da LFT Marketing Esportivo, é acusado de ter recebido R$ 2,400 milhões de lobista por consultoria copiada de material de livre circulação na Wikipedia. Em entrevista televisiva, Lula, o pai, disse que o filho é que tem de se explicar (mas o fato recente é que Lulinha II foi expulso de restaurante em Angra dos Reis por clientes que exigiam para ele o uso de tornozeleira eletrônica).
Lula e seu governo comunista transformaram o País num imenso bordel. Escândalos públicos e privados, fomentados pela prática de atos e projetos criminosos amparados na tessitura do chamado “Estado Forte” petista, atingiram proporções catastróficas. Nele, onde a Polícia Federal e o Ministério Público apertam, escorre pus em abundância.
Para completar a obra, e deixar Lula de cabelo em pé, Marcos Valério, operador do esquema do mensalão, propôs acordo de delação premiada aos procuradores da Operação Lava Jato em troca da redução da pena de 37 anos a que foi condenado (“injustamente”, segundo ele). Para Valério, mensalão e petrolão são faces da mesma moeda e, se o procurador-geral da República Rodrigo Janot não impedir, promete fazer novas revelações que vinculam o amigo Bumlai, Lula, Zé Dirceu e Gilberto Carvalho ao rolo do assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, em 2002.
PS – No caso de Rose Noronha, a informação é de que o Tribunal Regional Federal (3ª Região) negou recurso que pedia o desbloqueio dos bens da hoje considerada ex-Segunda Dama.
(*) Ipojuca Pontes, ex-secretário nacional da Cultura, é cineasta, destacado documentarista do cinema nacional, jornalista, escritor, cronista e um dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos.