Uma série de bombardeios aéreos – ambos atribuídos às forças russas – destruiu dois hospitais no norte da Síria nesta segunda-feira (15), deixando um total de ao menos 28 mortos.
Um dos dois hospitais era apoiado pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na província de Idlib. Ao menos nove pessoas morreram no ataque que, segundo denuncia a ONG, foi um ato deliberado.
“Foi um ataque deliberado contra um estabelecimento de saúde”, afirmou Massimiliano Rebaudengo, chefe da missão local da MSF. “A destruição priva cerca de 40 mil pessoas de tratamentos na zona de conflito.”
O hospital, que tem 54 funcionários e 30 leitos e é financiado pela MSF, teria sido atingido por quatro mísseis, em dois diferentes ataques num intervalo de poucos minutos. A ONG apoia cerca de 150 hospitais na Síria.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização que monitora a guerra civil, o ataque foi responsabilidade das forças russas.
Não é a primeira vez que um centro médico que recebe apoio da MSF é atacado na Síria. Em 5 de fevereiro, três pessoas morreram e outras seis, entre elas uma enfermeira, ficaram feridas num bombardeio contra um centro médico em Tafas, no sul da Síria e também ajudado pela ONG.
O outro ataque desta segunda-feira atingiu um hospital para crianças na cidade de Azaz, perto da fronteira com a Turquia. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, dez pessoas morreram – entre elas três crianças e uma mulher grávida – e mais de 30 ficaram feridas.
Turquia culpa Rússia
Em visita à Ucrânia, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, denunciou ter sido um míssil balístico russo que atingiu o hospital. Segundo ele, o objetivo do ataque é deixar a comunidade internacional com apenas duas opções: o ditador Bashar al-Assad ou o “Estado Islâmico”.
Davutoglu afirmou ainda que as forças russas e a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG) fecharam a passagem humanitária na fronteira ao norte de Aleppo. Ele garantiu que a Turquia vai retaliar os curdos se eles continuarem a atacar Azaz.
O Exército da Turquia bombardeou alvos das Unidades de Proteção Popular no norte da Síria no fim de semana, depois de o grupo tomar uma base aérea ao norte da cidade de Aleppo.
Ancara vê a milícia como uma organização terrorista e uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta por autonomia no sudeste turco há 31 anos. Os EUA, por sua vez, não consideram a milícia como terrorista e apoiam os confrontos do grupo contra o “Estado Islâmico” na Síria.
A Síria sofre há quase cinco anos um conflito que já custou a vida de mais de 260 mil pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Caças russos realizam bombardeios na Síria desde 30 de setembro do ano passado, em apoio a Assad.