Fitch alerta que crise de crédito no Brasil tende a se aprofundar

crise_1010

Joe Bormann, diretor da agência de classificação de riscos Fitch Ratings e com mais de duas décadas cobrindo a economia brasileira, afirmou jamais ter visto as empresas do País em situação de tamanha dificuldade.

De acordo com a empresa de avaliação de crédito Serasa Experian, só para ter uma ideia a que ponto a situação chegou, a Justiça brasileira concedeu mais de 5.500 recuperações judiciais no ano passado, número total mais elevado desde 2008.

Segundo a Fitch, o mais acentuado período de recessão do Brasil em mais de um século, com dois anos seguidos de forte retração do PIB, e a queda dos preços das commodities estão deixando as empresas de setores como o de siderurgia e de companhias aéreas sob maior risco de calote.


Bormann ainda prevê que há mais dificuldades por vir para a maior economia da América Latina diante de um cenário de aumento dos juros. Ele supervisiona uma equipe de 60 analistas responsáveis pela classificação de mais de 500 empresas na região. “Esta é uma legítima crise de crédito”, alertou.

Desde junho do ano passado, nenhuma empresa brasileira recebeu financiamento nos mercados internacionais de bonds, em um cenário em que o escândalo de corrupção sem precedentes na Petrobras e rebaixamentos nas classificações de crédito levaram os investidores a evitarem os ativos financeiros do País. Em 2015, a Fitch e a Standard & Poor’s cortaram a classificação dos bonds do Brasil para junk.

“Nada melhorou”, afirmou Wilbert Sanchez, sócio-fundador e diretor-gerente da TCP Latin America, empresa financeira de São Paulo. E, ainda deixou bem claro que “no momento elas [empresas] estão simplesmente jogando a toalha”.

apoio_04