Lava-Jato investiga pagamento de R$ 16 milhões feito por Gleisi a João Santana, o marqueteiro do PT

gleisi_hoffmann_1003

Novo desdobramento da Operação Lava-Jato complica a vida de Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR). A senadora está sendo investigada pela Polícia Federal devido ao pagamento de R$ 16 milhões ao marqueteiro petista João Santana na campanha de 2008, quando disputou e perdeu a eleição à prefeitura de Curitiba.

O envolvimento de Gleisi passou a ser investigado a partir do momento em que a força-tarefa da Lava-Jato teve acesso a pagamentos atribuídos à construtora Norberto Odebrecht em contas bancárias, no exterior, controladas pelo marqueteiro João Santana, responsável por campanhas do PT, de Lula e da presidente Dilma Rousseff.

Entre as campanhas investigadas está a de Gleisi para prefeitura de Curitiba em 2008. Santana fez a campanha da ex-chefe da Casa Civil e recebeu R$ 16 milhões da petista e da campanha da senadora Marta Suplicy (PT-SP), conforme revelou o jornal “Folha de S. Paulo” na edição da última sexta-feira (12).

O tabloide paulistano aponta que os recursos recebidos por Santana no exterior, de campanhas petistas, em tese podem ser caracterizados como caixa 2. Gleisi fez uma campanha milionária para a prefeitura da capital paranaense. Em valores declarados ao TSE, a senadora gastou 10,8 R$ milhões (valores atualizados) e perdeu feio ao fazer apenas 18% dos votos (183.027). O grosso das contribuições da campanha tal veio das empreiteiras investigadas na Lava-Jato: R$ 1,1 milhão da Camargo Correa (R$ 500 mil), OAS (R$ 250 mil), UTC (R$ 250 mil) e Mendes Junior (R$100 mil). Os pagamentos ao marqueteiro podem ter sido realizados por meio de caixa 2.


Em 2008, a petista também recebeu R$ 1,5 milhão do diretório estadual, R$ 700 mil do PT e outros R$ 150 mil do diretório municipal. Nesse montante pode ter repasses feitos pela Odebrecht e subsidiárias aos diretórios municipal, estadual e nacional e que foram repassados para campanha Gleisi.

Segundos os repórteres Daniela Lima, Marina Dias e Graciliano Rocha, os dados sobre a movimentação financeira de João Santana integram pacote de documentos enviados ao Brasil pela promotoria suíça em acordo de cooperação.

O inquérito que apura as finanças do publicitário foi aberto em novembro do ano passado e tramita em sigilo, em Curitiba. Santana passou a ser investigado após a Polícia Federal encontrar na casa do lobista Zwi Skornicki, ligado ao estaleiro asiático Keppel Fels, uma carta de Mônica Moura, mulher e sócia de Santana. O manuscrito indicava contas de Santana na Inglaterra e nos Estados Unidos. A informação foi revelada pela revista “Veja”.

Oficialmente, João Santana recebeu R$ 88,9 milhões da campanha de Dilma em 2014. Outros pagamentos vinculados à campanha, se confirmados, seriam, em tese, caixa 2. As informações sobre a investigação foram confirmadas pela Folha com três autoridades que atuam no caso, advogados que acompanham a Lava-Jato e pessoas ligadas a executivos da Odebrecht.

Maior empreiteira do País, a Odebrecht cresceu nos governos petistas, em especial nos de Lula, e é investigada por suspeita de corrupção em obras da Petrobras.