A Argentina chegou a um princípio de acordo, no valor de mais de 110 milhões de dólares, com um de seus credores, em litígio referente a títulos que entraram em suspensão de pagamento em 2001, informou nesta sexta-feira (19) um mediador judicial, nomeado pelo juiz federal norte-americano Thomas Griesa.
Em comunicado, o advogado Daniel Pollack disse que a empresa Capital Markets Financial Services e a Argentina conseguiram chegar a um acordo inicial, “dentro do marco da proposta da Argentina, e é parte dos 6,5 milhões de dólares estimados pelo país como custo para liquidar uma medida cautelar junto aos proprietários dos títulos”.
Os 110 milhões de dólares em negociação constituem uma parcela reduzida dos litígios levados aos tribunais de Nova York por diferentes credores, que reclamam em torno de 10 bilhões de dólares de valores que não entraram nas reestruturações da dívida argentina em 2005 e 2010.
O acordo depende ainda da aprovação do Congresso argentino. Além disso, será necessário que o juiz Griesa levante uma medida cautelar que proíbe a Argentina de pagar os proprietários dos títulos reestruturados.
Fundos abutres e o devaneio de Cristina de Kirchner
Responsável pelo impasse que engessou a dívida argentina, a então presidente Cristina Fernández de Kirchner afirmou, em abril de 2015, portanto três meses após a morte do promotor Alberto Nisman, existir uma relação entre os fundos abutres, que concentram parte da dívida do país sul-americano, com seu adversário.
Com base em artigos publicados na imprensa, Cristina vinculou o finado Alberto Nisman a Paul Singer, a quem então mandatária argentina rotulou como “O senhor dos abutres e dono das decisões do juiz Griesa contra a Argentina”. Griesa, como mencionado acima, é o juiz de Nova York que tenta destravar a dívida argentina, parte em poder dos fundos.
“Estamos diante de um modus operandi de caráter global, que não só fere severamente as soberanias nacionais mas que, além disso, gera operações políticas internacionais de qualquer tipo, forma e cor. São de lobbies até ataques financeiros ou operações midiáticas internacionais simultâneas ou, o que é pior, ações encobertas de diferentes serviços destinados a desestabilizar governos”, escreveu a então inquilina da casa Rosada.
No seu texto, intitulado “tudo se encaixa em tudo”, Cristina de Kirchner ousou garantir que Singer investiu 3,6 milhões de dólares na ONG FDD, dirigida por Mark Dubowitz, “que em uma entrevista para a CNN reconheceu ser amigo pessoal do promotor Nisman”.
O texto da ex-presidente argentina, publicado à época, tentava demonstrar que o promotor morto agia em conluio dos fundos abutres, os quais foram guindados à condição de inimigo público número um da Argentina.