Fã da Carta da Puebla, Requião tem assessor que recebeu R$ 298 mil do MP sem trabalhar

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Incansável defensor dos fracos e oprimidos – pelo menos no discurso esquerdista – e último dos bolivarianos, o senador Roberto Requião é apanhado, com frequência incomum, em situações no mínimo controversas, em que a prática contradiz a prédica. A última epopeia “requiana” envolve o advogado Luiz Fernando Delazari, assessor parlamentar do senador.

Delazari, segundo relata a imprensa paranaense, recebeu R$ 298,7 mil, ao longo dos últimos 25 meses, do Ministério Público do Paraná sem ao menos trabalhar no órgão. Ex-promotor, Delazari foi exonerado em julho de 2007 do MP e, desde 2011, é assessor de Requião no Senado Federal – atualmente está lotado no escritório de representação do senador em Curitiba. O salário de Luiz Fernando Delazari no Senado é de R$ 18.912,35 mensais, quantia que muitos brasileiros demoram até dois anos para amealhar.

Em janeiro deste ano, Delazari recebeu um prêmio do Ministério Público paranaense. Na sua conta bancária foram depositados R$ 60.647,28 de uma só vez. Em 2015, o assessor do gazeteiro peemedebista recebeu R$ 103.272,86 do MP, sendo que em 2014 recebeu outros R$ 134.789,96 do mesmo órgão.

Os valores totais recebidos por Luiz Delazari podem ser maiores, pois os dados do portal de transparência do MP, em relação a salários e verbas pagos a promotores e procuradores, são de difícil acesso quando a pesquisa refere-se a período anterior a 2014.


O acesso aos salários só é permitido com a matrícula do servidor, o que contraria os princípios da boa governança. A OAB-PR já enviou ofício ao MP, no qual cobra maior transparência do órgão e o detalhamento das verbas destinadas os servidores, entre eles, promotores e procuradores de Justiça. No caso de Delazari, o quadro demonstrativo dos salários consta que o ex-promotor está exonerado. No entanto, conforme o mesmo quadro, o assessor do senador está recebendo “por valores pagos a título de adicional noturno, serviço extraordinário, substituição de função e atrasados”.

O dinheiro recebido por Delazari cai na sua conta mês a mês. Em 2015, por exemplo, ele recebeu mensalmente R$ 9.0064,70 entre março e novembro. Em 2014, nos três primeiros meses do ano, o assessor de Requião recebeu R$ 21,1 mil por mês. Em dezembro foram R$ 14,1 mil e nos outros meses, a média de R$ 7 mil.

O advogado acompanha Requião desde 2003, quando foi nomeado secretário de Segurança Pública. Foi exonerado pelo ex-governador Orlando Pessuti em abril de 2010, mas Requião acomodou-o na assessoria parlamentar assim que assumiu o Senado pela segunda vez, em janeiro de 2011.

O grupo de dissidentes do PMDB acusa Delazari de vazar documentos internos do partido que serviram para Requião processar o ex-deputado Acir Mezzadri. O ex-deputado representou contra Requião no Supremo Tribunal Federal, onde o senador responde por crime de divulgação de segredo. O relator do processo é o ministro Luiz Fux.

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