A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira (22) a Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato, que implodiu o maior esquema de corrupção da história da humanidade, o Petrolão. O juiz federal Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelas ações decorrentes da operação, decretou a prisão temporária (cinco dias) do marqueteiro baiano João Santana, que fez a campanha de reeleição de Lula, em 2006, e as duas da presidente Dilma Rousseff.
Santana está no exterior, por isso ainda não foi preso. Também são alvo desta nova etapa da Lava-Jato a construtora Norberto Odebrecht e o engenheiro Zwi Skornicki, que, de acordo com as investigações, atuava como operador de propinas no Petrolão. Com mandado de prisão preventiva (sem tempo determinado), a PF esteve na casa de Skornicki, no Rio de Janeiro, assim como na sede da Odebrecht, em São Paulo. Além desses dois estados da federação, a Polícia Federal também cumpre mandados na Bahia.
João Santana é alvo da Operação Acarajé Santana porque as investigações revelaram indícios suficiente de contas bancárias do marqueteiro no exterior, nas quais ele teria recebido boa parte dos honorários relativos Às campanhas políticas, o que explica os recursos não declarados depositados nas mesmas. Santana passou a ser investigado no escopo da Lava-Jato em inquérito sigiloso, depois que a PF apreendeu, na casa de Zwi Skornicki, um documento manuscrito atribuído à mulher do marqueteiro indicando contas dele fora do País. A informação sobre a apreensão foi revelado pela revista “Veja”.
Além de ter comandado as campanhas petistas, Santana foi conselheiro da presidente Dilma em várias decisões de governo, tendo participado de reuniões palacianas decisivas e importantes, com direito a dar palpites em debates do primeiro escalado da administração petista.
Tabuleiro da PF
A Operação Acarajé, assim batizada porque os corruptos usam o nome do famoso quitute baiano para fazer referência ao dinheiro de propina, tem 51 mandados ao todo. Sendo 38 de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva.
Participam da operação 300 homens da Polícia Federal. Na Bahia, a operação é realizada nas cidades de Salvador e Camaçari. No Rio de Janeiro, na capital fluminense, em Angra dos Reis, Petrópolis e Mangaratiba. Em São Paulo, além da capital paulista, a operação se estendeu às cidades de Campinas e Poá.
Com o mandado de prisão de João Santana, a situação de Lula e Dilma deve piorar sobremaneira, pois o marqueteiro por certo há de falar sobre a origem do dinheiro depositado nas contas bancárias no exterior, assim como fez Duda Mendonça por ocasião da CPMI dos Correios, quando veio à tona o Mensalão do PT, o primeiro grande escândalo de corrupção da era petista.