Marqueteiro responsável pelas campanhas eleitorais do PT – Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) – o baiano João Santana é alvo de mandato de prisão temporária, no rasto da Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato, e acusado de ter recebido US$ 7,5 milhões em conta bancária secreta no exterior. Investigadores suspeitam que Santa foi pagão com dinheiro de propinas originárias do Petrolão, o maior escândalo de corrupção que se tem notícia em todo o planeta.
De acordo com as investigações, o marqueteiro teria recebido, entre 2012 e 2013, US$ 3 milhões de offshores ligadas à construtora Norberto Odebrecht, cujo presidente licencicado, Marcelo Odebrecht, está preso em Curitiba por decisão do juiz federal Sérgio Moro. Outros US$ 4,5 milhões foram pagos a Santana pelo engenheiro Zwi Skornicki, entre 2013 e 2014, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels. Preso nesta segunda-feira (22) pela Polícia Federal, Skornicki é acuado de ser um dos operadores operador do esquema criminoso de propinas que funcionava na Petrobras.
“Há o indicativo claro que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras. É bom deixar isso bem claro, para que não se tenha a ilusão de que estamos trabalhando com caixa 2, somente”, afirmou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
De acordo com o delegado Filipe Pace, da PF, “João Santana e Monica [Moura, sua mulher], especificamente no caso de Zwi Skornicki, tinham conhecimento, e tudo leva a crer, da origem espúria do recurso. Até pelo método, utilização de contas para recebimento de recursos e celebração de contatos ideologicamente falsos.”
A Operação Lava-Jato não está investigando campanhas eleitorais, mas as transações financeiras com indícios de lavagem de dinheiro. Mesmo assim, ministros do Tribunal Superior Eleitoral acompanham com atenção os desdobramentos da Operação Acarajé e podem solicitar compartilhamento de provas tão logo seja suspenso o sigilo das respectivas investigações.
O advogado Fábio Toufic, que representa o casal João Santana e Mônica Moura, informou à Justiça Federal que seus clientes já agendaram retorno da República Dominicana, o que deve ocorrer nas próximas horas.
Durante entrevista à imprensa, a PF informou que Santana e Moura tinham retorno programado ao Brasil para o último sábado (20), mas por motivo não informado o casal não viajou. Apesar desse contratempo, a PF decidiu manter a operação.
Diante da impossibilidade de cumprir alguns mandatos de prisão, pois os investigados encontram-se no exterior, a PF informou que todos os procurados seriam incluídos na “difusão vermelha” da Interpol, o que pode ter acelerado a decisão de João Santana e Mônica Moura de retornarem ao Brasil.
Até as 13h10 desta segunda-feira foram presos, na Operação Acarajé, o engenheiro Zwi Skornicki (prisão preventiva); Vinícius Veiga Borin, administrador de consultoria financeira ligada a offshore da Odebrecht (prisão temporária); Maria Lúcia Guimarães Tavares, funcionária da Odebrecht (prisão temporária). O trio deve chegar a Curitiba por volta das 16 horas.
Fora do País, mas na mira da Polícia Federal, estão o marqueteiro João Santana (prisão temporária); Mônica Moura, mulher e sócia de Santana (prisão temporária); Fernando Migliaccio, funcionário da Odebrecht (prisão preventiva); Benedicto Barbosa, vice-presidente de Infraestrutura da Odebrecht (prisão temporária); e Marcelo Rodrigues, operador do esquema (prisão temporária).