PF cita em relatório “possível envolvimento” de Lula em crimes, mas pede parcimônia

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Um relatório da Polícia Federal (PF) mostra que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva deve ser investigado por “possível envolvimento em práticas criminosas”. O documento faz parte da Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22) e que teve como principal alvo o marqueteiro João Santana responsáveis pelas três últimas campanhas presidenciais do PT.

“O possível envolvimento do ex-presidente da República em práticas criminosas deve ser tratado com parcimônia, o que não significa que as autoridades policiais devam deixar de exercer seu mister constitucional”, destaca o relatório assinado pelo delegado Filipe Hille Pace.

De acordo com os investigadores que integram a força-tarefa da Lava-Jato, as suspeitas estão relacionadas aos gastos com a construção de uma nova sede do Instituto Lula em São Paulo, em 2010, e o financiamento de propriedades em nome de Lula com recursos da construtora Norberto Odebrecht, que teriam sido desviados da Petrobras no rastro do maior escândalo de corrupção do planeta, o Petrolão.

“É importante que seja mencionado que a investigação policial não se presta a buscar a condenação e a prisão de ‘A’ ou ‘B’”, diz o relatório. “Se os fatos indicarem a inexistência de ilegalidades, é normal que a investigação venha a ser arquivada.”

A denúncia tem como base uma anotação no celular do presidente da construtora, Marcelo Odebrecht – “Prédio (IL)” aparece ao lado de um valor de 12 milhões de reais.

“Caso a rubrica “Prédio (IL)” refira-se ao Instituto Lula, a conclusão de maior plausibilidade seria a de que o Grupo Odebrecht arcou com os custos de construção da sede da referida entidade e/ou de outras propriedades pertencentes a Luiz Inácio Lula da Silva.”


Em nota, o Instituto Lula afirmou que a sede da entidade ainda não existia na data apontada pelo relatório. O Instituto Lula foi fundado em agosto de 2011 onde antes funcionava o Instituto Cidadania. Lula também é investigado por irregularidades envolvendo um apartamento triplex no Guarujá, um sítio no interior de São Paulo, além de tráfico de influência e negócios entre seus filhos e grandes empresas.

Nesta segunda, a PF expediu um mandado de prisão temporária do publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição de Lula, em 2006, assim como da sua esposa e sócia, Mônica Moura. Ambos, Santana e Moura, estavam na República Dominicana quando os policiais federais começaram a cumprir os mandados expedidos pelo juiz Sérgio Fernando Moro.

De acordo com o advogado do casal, os clientes devem embarcar de volta ao Brasil ainda nesta segunda-feira. Apesar de todas as negativas destiladas ao longo do dia, João Santa e Mônica Moura serão presos tão logo pisem em solo brasileiro, ou seja, ainda no aeroporto.

Lula pode até esbravejar nos bastidores diante do desenrolar das investigações, mas é importante lembrar que em 29 de agosto de 2014 o UCHO.INFO afirmou que em breve a Operação Lava-Jato subiria a rampa do Palácio do Planalto, com direito a alcançar figuras de destaque da República. Mais recentemente, no final de 2015, este site afirmou que a força-tarefa da Lava-Jato já tinha em mãos provas irrefutáveis contra Lula e que a prisão do lobista-palestrante era uma questão de tempo, vontade e coragem.

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