Um dos principais focos da Operação Acarajé, 23ª fase da Lava-Jato, deflagrada na manhã desta segunda-feira (22) pela Polícia Federal, os mandados de prisão expedidos contra o marqueteiro João Cerqueira de Santana Filho e sua mulher, Mônica Moura, são um ingrediente extra e explosivo para a ação de cassação de mandato eletivo de que é alvo a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Esta é a avaliação dos ministros do TSE, que acompanham as primeiras explicações dadas pela força-tarefa sobre a complexa engenharia de pagamentos a Santana no exterior. De acordo com a PF e o Ministério Público Federal, a origem dos recursos era o Petrolão, o intrincado esquema de corrupção que durante uma década funcionou de forma deliberada na Petrobras.
Assim que o respectivo inquérito tiver o sigilo suspenso, o que depende de decisão do juiz federal Sérgio Fernando Moro, o TSE deverá pedir o compartilhamento das provas, o que complicará ao extremo a já dificílima situação de Dilma e Temer.
Tão logo surgiram as primeiras notícias sobre a Operação Acarajé, o clima de tensão tomou conta do Palácio do Planalto, assim como da residência oficial da Presidência da República, o Palácio da Alvorada. Isso porque Dilma está preocupada com os depoimentos de João Santana e Mônica Moura à força-tarefa da Lava-Jato, já que ambos são considerados ministros informais da propaganda do governo petista.
Santana e Moura são sócios, além de marido e mulher, e foram responsáveis pela campanha de reeleição de Lula, em 2006, e as duas de Dilma Rousseff (2010 e 2014). Os documentos obtifos pela PF e pelo Ministério Público não deixam dúvidas a respeito do caixa 2 que funcionou nas campanhas petistas, motivo suficiente para a Justiça cassar o mandato de Dilma.
Em 2005, por ocasião da CPMI dos Correios, que trouxe à tona as entranhas do Mensalão do PT, os partidos de oposição perderam a chance de ejetar Lula do poder, na esteira da confissão do também marqueteiro Duda Mendonça de que teria recebido parte dos honorários em conta bancária no exterior.
Fora isso, a nova fase da Lava-Jato reforça inúmeras matérias do UCHO.INFO, que sempre afirmou que as cinematográficas campanhas petistas custaram verdadeiras fortunas, perto de US$ 400 milhões cada. Esse valor é confirmado por inúmeros especialistas em marketing político, acostumados a participar de campanhas eleitorais rumo ao Palácio do Planalto.