Presidente do Peru refuta ligação com esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato

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Ollanta Humala, presidente do Peru, negou nesta terça-feira (23) envolvimento com pagamentos feitos pela empreiteira brasileira Norberto Odebrecht. Humala é citado em relatório da Polícia Federal (PF) referente à Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato, que desmontou no Brasil o maior esquema de corrupção de todos os tempos.

O presidente peruano convocou o embaixador do Brasil em Lima, Marcos Raposo Lopes, para expressar “seu rechaço” e solicitar “informações oficiais” sobre o caso, segundo comunicado divulgado pela Secretaria de Imprensa da Presidência do Peru.

De acordo com o relatório da PF, uma planilha de gastos de um suspeito com “vínculo empregatício” com a Odebrecht cita o “Projeto OH”, que pode se referir a Ollanta Humala, no valor de R$ 4,8 milhões. Ele também é citado em mensagem registrada no celular do presidente afastado da construtora, Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015.

“A se confirmar esta hipótese investigativa, o então dirigente máximo do Peru teria sido beneficiado pelo Grupo Odebrecht e isso, de alguma forma, estaria atrelado aos investimentos feitos pelo governo federal naquele país”, diz o relatório assinado pelo delegado Filipe Pace, da Polícia Federal.


Em novembro de 2015, o Congresso do Peru criou uma comissão para investigar supostos subornos feitos por empresas brasileiras a funcionários públicos peruanos, baseada nas investigações da Lava-Jato. A comissão investiga supostos encontros entre a empresária brasileira Zaida Sisson de Castro, mulher de um ex-ministro peruano, e autoridades do governo de Alan García (2006-2011) e do atual presidente.

A Odebrecht manteve contratos bilionários com o governo peruano na última década. A última obra, iniciada na gestão de Humala, foi um gasoduto orçado em 5 milhões de dólares. O BNDES emprestou R$ 1 bilhão para obras feitas pela Odebrecht no Peru entre 1998 e 2014, segundo relatório divulgado no ano passado.

As suspeitas surgem às vésperas das eleições gerais peruanas, marcadas para 10 de abril. O pleito vai decidir quem será o sucessor de Humala, no poder desde julho de 2011. No Peru, presidentes não podem ser reeleitos para mandatos consecutivos. (Com agências internacionais)

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