Prévia da inflação é a maior para fevereiro em treze anos; em 12 meses inflação acumula alta de 10,84%

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De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (23), o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial (IPCA), ficou em 1,42% em fevereiro. Trata-se da maior alta de preços medida pela IPCA-15 para meses de fevereiro desde 2003, quando o indicador registrou 2,19%.

O valor representa uma aceleração em relação a janeiro, quando o indicador havia registrado alta de 0,92% nos preços. Em fevereiro do ano passado, a taxa havia sido 1,33%.

Em doze meses, o índice acumula alta de 10,84%, a maior desde novembro de 2003, que chegou a 12,69%. O objetivo do governo é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, a inflação pode variar entre 2,5% e 6,5%.

Segundo o IBGE, as pressões mais fortes na formação do índice do mês vieram dos grupos Alimentação e Bebidas, com alta de 1,92% e impacto de 0,49 ponto percentual no indicador, Transportes, com 1,65% e 0,30 p.p. e Educação, com 5,91% e impacto de 0,27 p.p.

No segmento alimentos destacam-se, com aumentos significativos, a cenoura (24,26%), a cebola (14,16%), o tomate (14,11%), o alho (13,08%), a farinha de mandioca (12,20%) e as hortaliças (8,66%).

Nos transportes destacam-se as tarifas dos ônibus urbanos, com alta de 5,69%. De acordo com o IBGE, também foram registrados aumentos expressivos nas tarifas de trem (6,12%), metrô (5,27%), ônibus intermunicipais (5,04%) e táxi (3,65%), além da alta do litro do etanol (4,92%) e da gasolina (1,20%).

Conforme o instituto, a alta de 5,91% registrada no grupo Educação reflete os reajustes praticados no início do ano letivo, especialmente os aumentos nas mensalidades dos cursos regulares, item que subiu 7,41%.


Apesar das expectativas persistentemente altas de inflação, o Banco Central decidiu em janeiro manter a taxa básica de juro (Selic) na casa de 14,25%, em meio a pressões para que não alterasse o índice devido à forte recessão econômica que chacoalha o País. A taxa de juros é um dos principais instrumentos usados pelo BC para controlar a inflação.

A inflação oficial no Brasil fechou o ano passado em 10,67%, muito acima do limite máximo da meta do governo. Foi a maior alta de preços anual desde 2002 (12,53%).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Na segunda-feira, economistas projetaram, no Boletim Focus, do Banco Central, que a inflação em 2016 será de 7,62%. A projeção dos especialistas do mercado financeiro é pontual, mas o mais temido fantasma da economia corre o risco de entrar em trajetória de alta, pois o ingrediente político deve contribuir para esse movimento indesejado.

Por outro lado, com a chegada das chuvas os preços dos alimentos devem cair, assim como terá redução a tarifa de energia elétrica, já que em março entrará em vigor a bandeira amarela. Esses dois fatores podem compensar a interferência do cenário político na piora da economia.

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