Fraude, corrupção e desvio de dinheiro na Norte-Sul são alvo de nova fase da Lava-Jato

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Prestes a completar dois anos (17 de março), a Operação Lava-Jato, que desmontou o maior esquema de corrupção do planeta, o Petrolão, continua fazendo estragos e aterrorizando os tumores que consomem os cofres públicos. Nesta sexta-feira (26), a Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da operação, batizada de “O Recebedor”, para cumprir 7 mandatos de condução coercitiva e 44 de busca e apreensão.

A nova fase da Lava-Jato tem como base informações obtidas a partir de delações premiadas e acordo de leniência. Segundo a PF, há a suspeita de pagamento de propina nas obras das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste. Além disso, os policiais investigam crimes de formação de cartel, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras públicas. Somente em Goiás, onde a operação também acontece, a PF identificou desvios de mais de R$ 630 milhões na construção da ferrovia Norte-Sul.

Os investigadores concluíram que as empreiteiras simulavam contratos, sendo que um escritório de advocacia e duas empresas de fachada serviam para camuflar a origem ilegal do dinheiro desviado das obras.


Um dos mandados de condução coercitiva tem como alvo José Francisco das Neves, conhecido por Juquinha, ex-presidente da Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa pública controlada pela União através do Ministério dos Transportes, pasta que sempre foi marcada por seguidos escândalos de corrupção. De acordo com a PF, o nome “O Recebedor” tem conexão com a Operação Trem Pagador, na qual Juquinha foi preso em 2012.

A operação desta sexta-feira acontece em seis estados (Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo,) e no Distrito Federal. Na capital paulista, a PF foi à sede da Constran, empreiteira pertencente ao grupo UTC, e na residência de um executivo da Serveng, construtora que atua nos setores de engenharia, mineração e energia. No Rio de Janeiro o alvo é a sede da construtora Norberto Odebrecht, cujo presidente afastado, Marcelo Odebrecht, encontra preso desde junho de 2015.

A operação “O Recebedor” é o segundo desmembramento da Lava-Jato. O primeiro, ligado a esse caso específico, foi a Operação Cratons, realizada em dezembro de 2015, quando a PF investigou crimes ambientais e comércio ilegal de diamantes extraídos de terras indígenas ocupadas pelos “cintas-largas”, em Rondônia.

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