Nos meios políticos e policiais (que nos tempos de PT se confundem) é dada como certo que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, está decidido a fazer delação premiada. A informação pode ter provocado um surto de pânico na senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) e no marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva. O casal, que cultiva longo e profundo relacionamento com a empreiteira, crê na possibilidade de que todos os detalhes dessa relação incestuosa venham a ser revelados, o que é visto como verdadeiro terror, pois as evidências são muito fortes.
Um relatório da Polícia Federal sobre mensagens de celular encontradas em aparelhos do ex-presidente da OAS aponta que o empresário manteve contato ou fez citações a 14 investigados no Supremo Tribunal Federal (STF), todos suspeitos de participação no esquema de corrupção da Petrobras, o Petrolão.
Léo Pinheiro já foi condenado a mais de 16 anos de prisão na Operação Lava Jato, pelo juiz federal Sergio Moro, de Curitiba. A lista dos citados inclui a ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (PT).
A PF afirma em relatório, obtido pelo jornal “O Globo”, que uma sequência de mensagens indica que Gleisi teria atendido a interesses da OAS em relação à concessão de aeroportos. As mensagens são de 25 de setembro de 2013, época em que a petista era comandava a Casa Civil.
Gleisi já é investigada pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em inquérito aberto no STF no âmbito da Operação Lava-Jato, além de ser alvo da Operação Pixuleco II, que apura o esquema criminoso de desvio de recursos do Ministério do Planejamento.
“Sequência de e-mails indica que Gleisi Hoffmann teria atendido interesses da OAS naquilo que (diz) respeito à exploração de aeroportos”, destaca a PF. São cinco mensagens sobre o assunto num intervalo de quatro minutos e 16 segundos. A primeira é de um número que a PF diz ser do publicitário Valdemir Flávio Garreta. Ele escreveu: “GLEICE (sic) deu entrevista liberando galeão para nós”. A segunda mensagem é do e-mail [email protected], do acionista da empresa Antonio Carlos Mata Pires, que disse: “Grande vitória!!!”. Na licitação citada a Invepar, ligada à OAS, conseguiu direito de participar da disputa, mas a vencedora ao final foi a Odebrecht.
Outra mensagem é de um telefone atribuído a Gustavo Rocha, presidente da Invepar, empresa que tem a OAS e fundos de pensão como acionistas: “Acabei de te enviar uma entrevista da ministra Gleisy (sic) sobre aeroportos”. As duas últimas mensagens são de César Mata Pires Filho, que foi vice-presidente do grupo OAS. Ele parabeniza e em seguida envie o link de uma reportagem publicada no site de “O Globo”.
Por intermédio de sua assessoria, a senadora informou que, na época, coordenava o processo das concessões e fez várias reuniões com empresários participantes do processo. Gleisi disse que “nunca tratou de interesse particular de qualquer empresa”.
A OAS repassou R$ 1,23 milhão para Gleisi em três campanhas: R$ 780 mil em 2010 (quando Gleisi disputou o Senado), R$ 250 mil em 2008 (na campanha da petista à prefeitura de Curitiba) e R$ 100 mil em 2006 (na disputa ao Senado).