Sempre simpático, papa Francisco recebe Macri com frieza em encontro de poucos minutos

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No último sábado (27), os dois argentinos mais importantes e poderosos do momento – Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, e o presidente Maurício Macri – encontraram-se no Vaticano pela primeira vez.

Macri viajou com a intenção de suavizar a relação com o Pontífice, que já passou por alguns desencontros, contudo a reunião não ocorreu como esperava o mandatário argentino. A visita durou apenas 22 minutos, com fotos mostrando o Papa, normalmente carismático, muito sério e frio.

Ao fim do encontro, Macri revelou ao jornal “La Nación” que convidou Francisco à Argentina, mas o papa respondeu que a visita não ocorrerá neste ano, porque a agenda dele está cheia, porém garantiu que viajará ao país o quanto antes.

Desde que assumiu o cargo, Francisco já esteve na América Latina para visitar Brasil, Paraguai, Bolívia, México e Cuba, mas até agora não viajou ao seu país natal.

O presidente argentino chegou a dizer a jornalistas que a reunião tinha sido “muito boa”, mas não convenceu. Enquanto isso, o departamento de Imprensa do Vaticano disse que o encontro, que ocorreu na Biblioteca do Palácio Apostólico, foi “cordial”, com a abordagem de temas de interesses mútuos.


Macri contou que Francisco expressou preocupação com a pobreza e o narcotráfico na Argentina, e os dois concordaram em trabalhar em conjunto sobre os temas. Ele ainda disse ao Papa que seu governo busca atrair investimento ao país para criar emprego e ressaltou que buscar unir os argentinos.

Por outro lado, o Pontífice apontou a importância de restabelecer relações com o mundo e ser razoável e confiável, e falou da importância em complementar o ensino com esporte, arte e educação pública.

Ao fim da visita, o Francisco cumprimentou um por um a delegação de dez pessoas que acompanhou Macri na visita. Entre eles, estava a primeira-dama Juliana Awada, vestida de preto e com um véu na cabeça, e a chanceler Susana Malcorra. Em seguida, ocorreu a tradicional troca de presentes.

Vale destacar que os dois argentinos já tiveram suas discordâncias no passado. No final de 2009, quando Macri era líder do partido Proposta Republicana (Pro), ele decidiu não recorrer de uma decisão judicial que permitiu o casamento de Alex Freyre e José María Di Bello, o que causou um rebuliço na Igreja. Dias depois, Macri e Bergoglio se encontraram na tentativa de reconciliar as posições, mas o mal-estar continuou.

A tensão entre eles voltou a se elevar em setembro de 2012, quando Macris, então prefeito de Buenos Aires, decidiu regulamentar um protocolo que permitiu não punir abortos na cidade, outro tema sensível para o cardeal. O Papa, por sua vez, enviou recentemente um rosário de presente à dissidente detida Milagro Sala, gesto interpretado como apoio político à titular da organização Tupac Amaru.

Conforme fontes próximas ao Papa, Francisco está cansado de ser utilizado politicamente na Argentina, como fez Cristina Kirchner, que o visitava por qualquer desculpa para sair em fotos com ele. Parece que agora, o Pontífice quer ter uma relação mais profissional como Chefe de Estado, mas ninguém esperava uma frieza tão evidente.

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