Lava-Jato: sequência de fatos confirma delação de Delcídio Amaral, que acusou Lula e Dilma

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Quando, na última semana, surgiu a notícia sobre a delação premiada do senador Delcídio Amaral (MS), ex-líder do governo no Senado Federal, o Palácio do Planalto reagiu com rapidez e de igual modo acionou suas alcatifas políticas para que fizessem o mesmo. De homem de confiança na Casa legislativa a mentiroso, covarde e desesperado foi preciso pouco tempo para que Delcídio mudasse de status. Afinal, diz a sabedoria popular que o ataque é a melhor defesa. Mas é preciso considerar que o governo incompetente, corrupto e paralisado de Dilma Vana Rousseff é indefensável.

Por questões de confidencialidade, exigida no acordo de delação, Delcídio Amaral, por meio de seus advogados, afirmou desconhecer o conteúdo da matéria publicada pela revista IstoÉ, assim como colocou em xeque a autenticidade dos documentos. Ou seja, o senador e sua defesa não negaram e nem confirmaram a delação. Mas isso não era preciso, pois nenhum jornalista seria irresponsável a ponto de revelar trechos de uma colaboração premiada de aproximadamente quatrocentas páginas. Apesar de no jornalismo brasileiro existir alguns profissionais que são dotados de impressionante capacidade inventiva.

Enquanto a delação de Delcídio flanava no universo da dúvida, o próprio governo tratava de confirmá-la com declarações desesperadas de palacianos e petistas cinco estrelas. Nem mesmo o Supremo Tribunal Federal, a quem cabe homologar as delações premiadas da Operação Lava-Jato, confirmou-a.

Se por um lado o governo exalava desespero com a possibilidade de vir à tona as graves denúncias feitas por Delcídio Amaral contra a presidente da República e o lobista-palestrante Lula, por outro o advogado Gilson Langaro Dipp, ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, abandonou a defesa do parlamentar no Conselho de Ética do Senado. A decisão de Dipp se deveu ao fato de Delcídio ter selado acordo de delação com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, depois de negar o feito durante algumas semanas. Afinal, se confirmasse comprometeria sobremaneira o processo de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar.

Gilson Dipp encaminhou um comunicado oficial para ser anexado ao processo que tramita no Conselho de Ética do Senado, informando que renuncia a todos os poderes de defensor outorgados pelo senador e pedindo que seu nome seja excluído da representação. O advogado explicou que decidiu deixar o caso por questão “de foro íntimo”, contudo reconheceu que as notícias sobre a delação premiada levaram-no a tomar essa atitude.


O ex-ministro do STJ afirmou desconhecer a negociação de delação premiada, ao mesmo tempo em que alegou que a postura de Delcídio é incompatível com a defesa que vinha sendo feita no Conselho de Ética do Senado, na qual alegava a inocência do senador.

“Como minha defesa se baseava nos fatos existentes, o surgimento de fatos que não eram de conhecimento da defesa impede a permanência do advogado no comando da causa”, argumentou o advogado.

Gilson Dipp evitou criticar Delcídio pela decisão de fechar o acordo de colaboração premiada, destacando que trata-se de questão pessoal a ser definida pelo senador em conjunto com a defesa do mesmo na Justiça.

Dipp reafirmou que os defensores desconheciam a negociação. “Eu não participei de nada disso. Eu só atuo no Conselho de Ética. Eu não sabia da existência desse acordo. Nem eu, nem os advogados que atuam no conselho”, declarou.

A insistência do advogado em ressaltar seu desconhecimento em relação ao acordo de colaboração premiada firmado por Delcídio tem razão de ser, pois o parlamento federal é recheado de políticos envolvidos em escândalos, muitos dos quais na mira dos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado. E Gilson Dipp, por questões óbvias, não pode inviabilizar seu negocio mantendo um delator como cliente, Até porque, como alegou o próprio advogado, a delação colocaria em xeque uma estratégia de defesa que apregoava a inocência do senador.

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