Deputados usam parte da verba de gabinete para gastos que oscilam entre o escândalo e a ilegalidade

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Uma nação não pode passar ao largo da atividade política, como um todo, sob pena de o caos se instalar de forma imperiosa, a exemplo do que acontece atualmente no Brasil. Uma enxurrada de escândalos de corrupção atropelou mais uma vez o chamado “país do futuro”, sem que esse [futuro] jamais tivesse dado se apresentado aos brasileiros.

É verdade que a Operação Lava-Jato desmontou o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, mas há muitos outros desmandos sendo cometidos à luz do dia e sob os olhos desavisados do cidadão. Ou seja, é preciso redobrar a atenção dedicada aos atores da política nacional.

Enquanto a força-tarefa da Lava-Jato descobre desvios financeiros que somados chegam aos bilhões de reais, políticos com mandato, agindo como obedientes e incansáveis formigas, corroem o suado dinheiro do contribuinte como se isso não configurasse crime. Dezenas de milhares de reais seguem o caminho do ralo a cada dia, sem que esse processo seja interrompido

Um desses escárnios, que sempre foi alvo de alerta por parte do UCHO.INFO, acontece no Congresso Nacional, onde os que lá estão deveriam defender os interesses da sociedade. Na Câmara dos Deputados, por exemplo – onde discursos inflamados e ternos bem cortados e sisudos garantem ares de seriedade ao recinto – alguns parlamentares transgridem de maneira acintosa ao destinar parte da polpuda verba de gabinete para fins nada republicanos.

Além do salário de R$ 33.763,00, cada deputado tem à disposição outros R$ 92 mil para contratar até 25 funcionários, além de verba – de R$ 30.416,80 a R$ 45.240,67 por mês – para custear alimentação, aluguel de veículo e escritório político, divulgação do mandato, entre outras tantas despesas que ultrapassam o limiar do inexplicável.


Fora isso, os deputados recebem dois salários no primeiro e no último mês da legislatura, sob a rubrica “ajuda de custo”. Como se não bastasse, os doutos parlamentares têm direito a reembolso de despesas médicas e hospitalares. Ou seja, são nababos que certamente fariam inveja aos marajás, os príncipes da antiga civilização indiana.

Caso essa gastança tivesse como contrapartida um comportamento digno e comprometido dos parlamentares – nesse meio há exceções –, com direito à produção de leis que beneficiassem o Brasil e os brasileiros, essa matéria, mesmo assim, teria razão de ser, pois o dinheiro público deve atender aos interesses da população, sem que os políticos violem a lei e as regras da boa conduta. Porém, a realidade que domina o cotidiano do Parlamento federal é diferente e escandalosa.

Dos quase R$ 170 mil mensais que custa um deputado federal, parte do dinheiro, descontado o salário mensal (R$ 33.763,00), é destinado a gastos questionáveis. Entre essas despesas estão contas de telefones celulares utilizados por familiares (sempre com o DDD 61), viagens de integrantes da família sem qualquer ligação com a atividade do parlamentar, salários de parentes que recebem sem trabalhar, gastos com amantes, bebidas finas e caras, restaurantes badalados e outros absurdos.

Somadas todas as verbas acima mencionadas, os 513 deputados custam aos brasileiros – sem considerar eventuais atos de corrupção – a bagatela de R$ 86 milhões mensais, ou seja, a espantosa cifra de R$ 1 bilhão a cada ano. Considerando que nove entre dez campanhas à Câmara Federal custam em média R$ 5 milhões, há algo errado na Casa legislativa. Afinal, um candidato não investe tanto dinheiro em uma campanha para, se eleito, receber menos de R$ 1,9 milhão (valor bruto) em salários ao longo dos quatro anos de mandato.

A conta simplesmente não fecha! Ou o brasileiro acorda para a realidade, ou aceita ser mais um arlequim nesse enorme picadeiro chamado Brasil.

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