Cresce o desespero no entorno de Lula, a jararaca de pelúcia, que teme ser preso a qualquer momento no âmbito da Operação Lava-Jato, que desmontou o esquema de corrupção que ao longo de uma década funcionou deliberadamente na Petrobras.
Compadre e advogado do lobista-palestrante, Roberto Teixeira recorreu ao Sindicato dos Advogados de São Paulo para ingressar com ação contra o juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos decorrentes da Lava-Jato.
O sindicato aprovou por unanimidade o requerimento de Teixeira na manhã desta quarta-feira (9), sendo que a entidade recorrerá ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que eventuais infrações cometidas por Moro sejam apuradas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Advogados, Adimar de Assis, o juiz da Lava-Jato teria insinuado que o defensor de Lula teria forjado a escritura do polêmico sítio de Atibaia, no interior paulista, imóvel que é alvo de investigações por causa de reformas executadas por empreiteiras envolvidas no Petrolão.
“Ao falar que essa escritura seria uma farsa, diz que o advogado teria cometido um crime. Com base nessas insinuações, ele estaria tentando intimidá-lo na sua atuação profissional e no processo”, afirmou Assis.
“Ele [Sérgio Moro] está acusando o advogado de ter representado os adquirentes do imóvel recolhendo a assinatura em seu escritório, como se isso fosse um crime. O advogado representa seus clientes, inclusive nesses negócios”, acrescentou o presidente do sindicato.
A representação ao CNJ deve destacar o fato de o juiz Sérgio Moro ter se manifestado sobre o processo que levou Lula a depor na última sexta-feira (4), na esteira da Operação Aletheia. No sábado, um dia após a operação da Polícia Federal, o Moro divulgou nota a imprensa em que afirma ter sido a condução coercitiva uma forma de evitar tumulto.
“Independentemente de quem seja o juiz, ele tem se manifestado sobre um processo que esse advogado atua. O juiz não pode apresentar manifestação por qualquer meio a não ser no processo”, disse o sindicalista.
O Brasil clama pelo fim da corrupção da impunidade, mas alguns preferem agarrar-se à interpretação jurídica de conveniência para proteger o responsável pelo período mais corrupto da história nacional. A estratégia do advogado Roberto Teixeira mostra de maneira inequívoca que cresce a preocupação com a possibilidade de Lula vir a ser preso. Aliás, essa prisão já deveria ter ocorrido, pois há com a força-tarefa provas suficientes para tanto.
Em outras fases da Lava-Jato, investigados foram apenas porque estavam destruindo provas e dificultando o trabalho da Justiça. Antes da deflagração da Operação Aletheia, informações vazadas permitiram que pessoas ligadas ao ex-metalúrgico tirassem do Instituto Lula documentos e computadores, o que configura obstrução à Justiça. Em qualquer país minimamente sério, Lula e Paulo Okamotto, presidente do instituto, já estariam presos.