Nelson Barbosa palpita sobre o que não sabe e mostra que o governo de Dilma acabou

(Vanessa Carvalho - Estadão)
(Vanessa Carvalho – Estadão)

Ainda sem mostrar a que veio, pois a economia continua de pernas para o ar, o ainda ministro Nelson Barbosa, da Fazenda, protagoniza pífio espetáculo de submissão ao comentar o pedido de prisão de Lula, apresentado à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo.

Na tarde desta quinta-feira (10), após se submeter às ordens de Lula e explicar à camarilha petista a política fiscal do governo para 2016, Barbosa classificou como “sem fundamento” o pedido de prisão do ex-presidente. Ora, o ministro da Fazenda deveria se preocupar em reverter o caos econômico que assombra os brasileiros, não palpitar sobre as decisões tomadas por autoridades que durante quase dez anos investigaram o escândalo da Bancoop, uma das caixas de Pandora do Partido dos Trabalhadores.

“Nós ficamos sabendo disso ao final da reunião. Esse cenário de polarização política atrapalha, mas nós temos que continuar com esse processo de diálogo e de construção”, afirmou o ministro.

Há na fala de Barbosa diversos indicadores de sua notória incompetência. Cumprir o que determina a lei, dever constitucional de qualquer governante, não significa polarização política. De igual modo, requerer a prisão de um delinquente, com base em provas irrefutáveis, nem de longe é polarização política. A declaração do ministro sugere que é de responsabilidade da oposição o fato de Lula estar na mira da Justiça.


É fato que cabe ao Judiciário decidir sobre o pedido dos promotores, mas quem conhece o escândalo da Bancoop sabe que Lula já deveria estar atrás das grades. Afinal, a cooperativa habitacional desviou dinheiro de milhares de mutuários para alimentar o caixa da campanha presidencial de Lula, em 2002. Foi por conta dessa manobra criminosa que o MP paulista decidiu investigar o caso.

O segundo ponto que emoldura a incompetência de Nelson Barbosa está na questão do diálogo e da reconstrução. Dialogar com um acusado de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica não é a melhor das receitas para tentar reconstruir um país arrasado pela crise econômica e que sangra na guilhotina da corrupção. Imagina-se que no governo decadente de Dilma Rousseff ainda exista pessoas mais qualificadas para discutir assunto tão sério.

No tocante à reconstrução, Barbosa mostra de maneira inconteste que Dilma não mais reúne condições para continuar à frente do governo. Se o partido da própria presidente, o PT, não viabiliza a aprovação dos projetos necessários para tirar o Brasil do atoleiro, é porque o governo acabou e é preciso encontrar alguém para marcar o dia do funeral. Sem contar que o PMDB pode romper com o governo a qualquer momento.

Não se pode creditar à oposição a responsabilidade pela não aprovação dos mencionados projetos, pois, segundo consta, o Executivo tem maioria no Congresso Nacional. Se esse status já não se confirma, mais uma vez é preciso reconhecer que o segundo governo da presidente Dilma nasceu morto.

apoio_04