Enquanto a presidente Dilma Rousseff abusa de discursos utópicos e rocambolescos – os últimos recheados de argumentos jurídicos de conveniência – para se manter no cargo, algumas pessoas que integram seu círculo político mais restrito continuam agindo na contramão da lógica, mas no embalo do desespero.
Ex-chefe da Casa Civil no final da era Lula e considerada um dos tentáculos de Dilma nas coxias da política nacional, Erenice Guerra mesclou, no último sábado (12), pitadas de ousadia com doses de desespero. Informada de que seria alvo de reportagens das revistas semanais, Erenice foi à banca de jornais da QI 11, em Brasília, para tentar comprar todos os exemplares disponíveis da mais recente edição da IstoÉ, que acusa a ex-ministra de envolvimento em casos de corrupção, com base na delação premiada do senador Delcídio Amaral.
O jornaleiro, de nome Rafael, disse que a Istoé ainda não havia chegado, o que levou Erenice Guerra, acompanhada de um ex-senador, a esperar no restaurante Don Romano, também na QI 11. Acomodada no restaurante, a dupla decidiu gastar o tempo entre alguns copos de vinho, enquanto trocava impressões acerca das recentes denúncias e avaliava a repercussão dos escândalos na imprensa nacional.
Aos dois políticos uniram-se alguns convivas, sempre obcecados pela proximidade com o poder, mas a conversa rumou na direção do absurdo. Um dos presentes comentou recente decisão judicial que obrigava a devolução de algumas dezenas de milhões de reais aos cofres públicos. O dono da palavra naquele momento disse, em todo de galhofa e em meio a risadas, que tal valor mantinha na conta bancária.
A atitude de Erenice de arrematar todos os exemplares da IstoÉ é um claro sinal de que o desespero desembarcou na seara petista, situação que já era esperada a partir do desenrolar das muitas investigações que acontecem simultaneamente no País – operações Lava-Jato e Zelotes – e que têm mandado para a cadeira os envolvidos nas ações criminosas que dilapidaram os cofres públicos.
No momento em que sai às ruas em busca de revistas que a acusa de envolvimento em escândalos de corrupção, Erenice mostra de forma clara que desconhece o chamado “direito de resposta”. Além de ser investigada na Operação Zelotes, que desvenda a roubalheira ocorrida no âmbito do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e a compra de medias provisórias, o braço direito de Dilma Rousseff agora foi arremessada, juntamente com a ex-patroa, no olho da Lava-Jato. E essa atitude impensada do último sábado já é considerada como “confissão antecipada de culpa”.
O senador Delcídio Amaral teria revelado à força-tarefa da Lava-Jato que Erenice participou do esquema de propina que foi erguido pelos petistas nas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Esse fato novo que surge na Lava-Jato confirma muitas matérias do UCHO.INFO, que noticiou com antecedência que o esquema de corrupção capitaneado pelo Palácio do Planalto não funcionou apenas na Petrobras, mas também nas empresas estatais do setor de energia elétrica.
A grande questão nesse mais recente imbróglio da roubalheira oficial é que as investigações em breve chegarão a alguns próceres do PMDB ligados a Dilma e a Lula, o lobista-palestrante que continua negando participação em qualquer ato ilícito. Não se pode esquecer que alguns setores das “elétricas brasileiras” estão sob o controle de José Sarney, que tem como um dos seus homens de confiança o dissimulado Silas Rondeau, que sempre transitou com liberdade no território de Erenice Guerra.