Dilma repudia acusações feitas pelo ex-petista Delcídio Amaral em delação, mas não convence

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A presidente Dilma Rousseff rejeitou com “veemência e indignação” a tentativa de envolvê-la na conversa entre o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e um assessor do senador Delcídio Amaral (MS), cuja delação premiada foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (15).

A gravação de uma conversa entre Mercadante e José Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio, mostra que o ministro teria oferecido dinheiro para evitar o acordo de delação e prometido interceder junto aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a soltura do ex-líder do governo no Senado. Delcídio foi preso sob a acusação de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato, mas após acordo de delação passou ao regime de prisão domiciliar, com direito a sair durante o dia.

Delcídio, que pediu desfiliação do PT por e-mail nesta terça-feira, entregou ao Ministério Público Federal (MPF) duas gravações com conversas entre Mercadante e Marzagão. Em depoimento, o senador disse acreditar que o ministro atuou como “mensageiro” da presidente. Segundo o parlamentar, a presidente da República tentou usar sua influência para evitar a punição de empreiteiros envolvidos nas investigações conduzidas pelo juiz federal Sérgio Moro.

Dilma alegou que a conversa se tratou de uma “iniciativa pessoal” de Mercadante. Em nota, o Palácio do Planalto afirma que a acusação é inconsistente e que o ministro é vítima de uma tentativa de incriminação não apenas dele, mas também do governo.


Mercadante alega que trechos importantes da conversa com o assessor de Delcídio foram omitidos. “Se vocês olharem o áudio do que foi transcrito, tem trechos fundamentais que não foram devidamente relatados. Em um trecho eu digo ‘não estou nem aí se vai delatar ou não, não estou nem aí”, disse.

Aloizio Mercadante justifica que procurou Marzagão em solidariedade às filhas do senador, que foram vítimas de difamações na internet. “Por ser senador, achava que haveria uma tese jurídica em que o Senado se pronunciasse para ele ficar em prisão domiciliar”, afirmou Mercadante.

Em entrevista, Delcídio, que nunca teve relação cordial com o atual ministro da Educação, disse que não tem intimidade com Mercadante para que ele faça referência à sua filha. Se há no meio político nacional alguém que conhece os escaninhos da corrupção e as entranhas do escândalo do Petrolão, essa pessoa é Delcídio Amaral, que foi diretor da Petrobras no governo FHC e presidente da CPMI dos Correios, que investigou o Mensalão do PT.

Querer desqualificar Delcídio era uma estratégia esperada por parte do governo, mas novamente retaliar o senador é insistir no tiro no pé. Após ser preso pela Polícia Federal por determinação do STF, Delcídio foi abandonado pelo Palácio do Planalto e pelo próprio PT. Para piorar, Lula chegou a chamar o senador de “idiota”. Agora, o parlamentar está a demonstrar quem é de fato o idiota maior no curso do imbróglio.

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