Relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki homologou a delação premiada do senador Delcídio Amaral (MS), preso pela Polícia Federal após tentar obstruir as investigações do maior escândalo de corrupção da História e impedir o depoimento de Nestor Ceveró, ex-diretor da Petrobras.
Com a decisão do ministro do STF, a situação política de Dilma Rousseff torna-se ainda mais frágil, porque Delcídio revelou aos integrantes da força-tarefa da Lava-jato que dinheiro da corrupção abasteceu o caixa das campanhas da petista em 2010 e em 2014.
Quem também sai prejudicada nesse imbróglio é a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, conhecida no meio político como braço direito de Dilma. O senador sul-mato-grossense afirmou que Erenice participou da cobrança de propina nas obras da usina de Belo Monte, sendo que o dinheiro acabou no caixa da campanha da atual presidente da República.
Como afirmou o UCHO.INFO em várias ocasiões, a Operação Lava-Jato ainda tem muito a revelar, o que tem causado tirado o sonho de vários políticos e alarifes envolvidos no esquema de corrupção. Isso porque o esquema de corrupção transpor as fronteiras da Petrobras e invadiu setores das estatais do setor de eletricidade e até do Instituto de Resseguros do Brasil, o IRB.
Com base nos recentes acordos de delação, algumas aguardando homologação por parte do STF, a Polícia Federal e O ministério Público Federal têm pelo menos sete operações já preparadas em termos de documentos e provas, obtidos a partir de informações dos novos delatores. Mesmo assim, outras fases além dessas sete devem acontecer com a checagem das informações recebidas pelas autoridades e com a prisão dos ainda serão presos.
Por outro lado, a homologação da colaboração premiada de Delcídio Amaral também dificulta a situação do ex-presidente Lula, agora um bem sucedido lobista-palestrante, que diante dos novos fatos deve aceitar o convite (sic) para ser ministro de Estado.
Dilma e Lula na mira
Na mais recente edição, que chegou às bancas no último final de semana, a revista IstoÉ afirma que Erenice Guerra teria atuado como operadora de um esquema que desviou pelo menos R$ 45 milhões das obras de Belo Monte para campanhas petistas.
Delcídio afirmou que Erenice, Silas Rondeau (ex-ministro de Minas e Energia e homem de confiança de Dilma e José Sarney) Antonio Palloci Filho movimentaram cerca de R$ 25 bilhões.
O senador afirmou que o esquema de corrupção montado na usina hidrelétrica no Pará incluiu desvio de recursos das obras (que consumiram até agora R$ 19 bilhões) e da compra de equipamentos, que alcançou a marca de R$ 4,5 bilhões. Ou seja, em todas as fases do processo de construção de Belo Monte houve superfaturamento.
A desfaçatez dos envolvidos na ação criminosa é tamanha, que no final de semana, como revelou o UCHO.INFO, Erenice Guerra tentou comprar todos os exemplares da revista IstoÉ que estavam disponíveis em uma banca de jornais da QI 11, em Brasília. Enquanto aguardava a chegada da publicação, o grupo gastou o tempo entre taças de vinho em um restaurante próximo, quando um dos presentes disse que se fosse obrigado a devolver os R$ 45 milhões mencionados por Delcídio não teria problema, pois essa quantia mantinha em sua conta bancária.
Delcídio complicou ainda mais a situação da presidente da República ao revelar que Dilma atuou para manter na Petrobras os diretores que integravam o esquema de corrupção, assim como agiu nos bastidores para interferir no andamento das investigações da Lava-Jato.
De acordo com o senador, uma dessas incursões de Dilma para atrapalhar as investigações foi a nomeação do ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que teria aceitado votar pela soltura de empreiteiros denunciados Lava-Jato.
Em relação a Lula, o senador garantiu aos investigadores que o ex-presidente sempre soube do esquema de corrupção criado na Petrobras para substituir o malfadado Mensalão do PT. O cenário para Lula ainda há de piorar, pois Pedro Corrêa, ex-presidente nacional do PP, afirmou o mesmo em delação premiada no âmbito da Lava-Jato.
Fora isso, Delcídio afirmou que Lula seria o responsável pelas ofertas de compra do silêncio de várias testemunhas do escândalo de corrupção, assim como dele partiu a ordem para tentar barrar o depoimento de Cerveró, o qual seria remunerado com dinheiro fornecido por José Carlos Bumlai.
Lula queria evitar que Bumlai fosse flagrado pela Lava-Jato em atos de corrupção, já que o pecuarista tinha sido acusado pelos delatores Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o próprio Cerveró.
No melhor estilo “cereja do bolo”, o senador revelou que Lula e Palocci se movimentaram para comprar o silêncio de Marcos Valério no conturbado processo do Mensalão do PT e que o publicitário mineiro exigiu R$ 200 milhões para ficar calado na CPMI dos Correios, presidida por Delcídio.