Passado mais de um ano de investigações e interrogatórios no âmbito da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal indiciou os ex-deputados federais João Pizzolatti (atual secretário de Relações Institucionais de Roraima) e Mário Negromonte (ex-ministro de Cidades e atual conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia) e os deputados federais Mário Negromonte Júnior (PP-BA), José Otávio Germano (PP-RS), Luiz Fernando Ramos Faria (PP-MG) e Roberto Pereira de Britto (PP-BA).
Os políticos foram indiciados por corrupção passiva qualificada, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Mario Negromonte Júnior também foi indiciado por crime de ameaça. A PF afirma que o parlamentar baiano tentou obstruir as investigações da Lava-Jato, “fazendo ameaça velada à integridade física do ex-deputado João Argolo (o nome correto é Luiz Argolo) e seus familiares na tentativa de evitar que ele fizesse acordo de delação premiada”.
A PF concluiu ao final das investigações que os indiciados receberam, entre 2006 e 2014, dinheiro de propina proveniente de contratos da Petrobras com as empresas Braskem/Odebrecht, Queiroz Galvão, Jaraguá Equipamentos, Mendes Junior e Andrade Gutierrez. Criado em 2005 pelo então deputado José Janene (PP-PR), já falecido, para substituir o Mensalão do PT, o esquema criminoso era operado pelo doleiro Alberto Youssef, delator da Lava-Jato e um dos personagens centrais da operação que interrompeu a avalanche de corrupção. Compadre de Janene, o doleiro era o responsável pelas operações financeiras mentor do Petrolão.
Ex-líderes do PP na Câmara dos Deputados, Pizzolatti e Mario Negromonte participaram, de acordo com a PF, de uma organização criminosa que, ao longo de uma década, movimentou a cerca de R$ 500 milhões “em recursos efetivamente desviados da Petrobras”. É importante ressaltar que o Petrolão funcionou na estatal com a explícita anuência do então presidente Lula, cujo envolvimento no esquema foi confirmado recentemente pelo senador Delcídio Amaral.
As investigações da PF identificaram que as empreiteiras pagaram mensalmente propinas em espécie de R$ 300 mil para cada um dos envolvidos, como também realizavam depósitos em contas correntes de pessoas indicadas pelos líderes do grupo. O inquérito aponta para pagamentos “extraordinários e individuais” que chegavam a até R$ 5,5 milhões para os líderes do partido, João Pizzolatti e Mário Negromonte.
Ao justificar o indiciamento dos investigados, a PF informou que as investigações mostraram que o Partido Progressista chegou a receber, nas eleições de 2010, R$ 28 milhões em doações das empreiteiras, dinheiro que na verdade tinha como origem o pagamento de propina.
Dentre os políticos investigados na Lava-Jato, 25 são filiados ao PP. Os inquéritos seguem para o Supremo Tribunal Federal, sendo que a Procuradoria-Geral da República poderá oferecer denúncia contra os indiciados ou pedir novas investigações.