Em SP, gripe H1N1 mata três vezes mais do que no ano passado; Ministério libera vacinação

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Somente em 2016, o surto de gripe H1N1 no Estado de São Paulo já matou 38 pessoas, sendo oito delas na capital. No ano passado, a doença havia causado dez mortes no Estado, sem nenhum registro na cidade de São Paulo. Somente nos três primeiros meses deste ano, esse tipo de gripe já fez três vezes mais vítimas do que em todo o ano de 2015.

Os óbitos referem-se a pacientes que desenvolveram a chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), doença que pode ser causada por diversos agentes infecciosos, principalmente pelos vários tipos de vírus influenza. Somados todos os agentes, a síndrome causou 42 mortes neste ano no Estado.

O número de casos de SRAG provocados pelo H1N1 notificados neste ano em São Paulo também teve um salto em relação a 2015: 260, ante 33. Na capital, os registros passaram de 1 para 66 no mesmo período.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, sete dos oito mortos na capital por H1N1 apresentavam alguma doença crônica ou condição que os tornavam mais suscetíveis a complicações. Fazem parte dos grupos de risco idosos, gestantes, crianças e portadores de problemas como diabete e hipertensão.

Dos oito mortos, três eram pacientes de hospitais privados, quatro, de unidades estaduais, e um, de um centro médico da prefeitura.

Segundo Alexandre Padilha, secretário municipal da Saúde, a antecipação do surto desse tipo de gripe, que costuma ocorrer somente no inverno, está provavelmente relacionada à maior disseminação do mesmo vírus nos países do Hemisfério Norte durante o inverno, ocorrido entre dezembro e março – verão no Brasil.

“Certamente isso está relacionado a pessoas que circularam entre novembro e janeiro no Hemisfério Norte, no inverno de lá, e trouxeram, de uma certa forma, o vírus H1N1 para o nosso meio, e ele está circulando mais por aqui também”, afirmou Padilha.

O secretário ainda declarou que as duas principais medidas que devem ser adotadas pela Prefeitura para minimizar o problema são a oferta ampla do medicamento Oseltamivir (Tamiflu) e a antecipação, em parceria com o Ministério da Saúde, da campanha de vacinação contra gripe, cujo início oficial está marcado para o dia 30 de abril.

A região noroeste de São Paulo tem quase a metade das mortes pelo vírus H1N1 no Estado. Dados das prefeituras apontam que 16 pacientes morreram em cidades da região de Jales.

Na região de Campinas, duas mortes são investigadas em Pirassununga. Na noite de domingo, o secretário adjunto de Educação de Americana, Wellington Carlos Zigarti, de 34 anos, morreu com sintomas de infecção pelo H1N1.

Conforme a prefeitura, o caso é tratado como suspeito e foram enviadas amostras para exames ao Instituto Adolfo Lutz. Zigarti, que ocupava o cargo público desde janeiro de 2015, estava internado havia oito dias em uma clínica particular. “Foi uma morte totalmente inesperada. Era um jovem profissional de muito gabarito”, lamentou a secretária de Educação, Jussara Noveli. A prefeitura de Pirassununga declarou que três pessoas – dois homens e uma mulher, todos com mais de 50 anos – estão internadas com sintomas da doença e os casos são considerados suspeitos.

A primeira morte do ano por H1N1 no Estado de São Paulo vitimou uma moradora de Tabapuã, de 38 anos. Ela estava internada desde o dia 1.º de janeiro no Hospital Padre Albino, de Catanduva, com diagnóstico de gripe, e morreu no dia 14 daquele mês. No dia 26 de janeiro, foi registrada a segunda morte pelo H1N1, em Santa Adélia, na mesma região. A vítima, de 21 anos, tinha síndrome de Down, segundo a Secretaria de Saúde do município.

O Infectologista do Hospital Infantil Sabará, Francisco Ivanildo de Oliveira diz que as crianças estão no grupo de risco para o vírus e que é fundamental ficar atento aos sinais doença. “Deve-se procurar um médico em caso de falta de ar, febre persistente e alterações de comportamento, como irritação”.


Vacinação antecipada

Diante da antecipação do surto de gripe H1N1 identificada no Estado de São Paulo, o Ministério da Saúde vai permitir a antecipação da vacinação contra a doença.
Estados interessados poderão começar a imunizar grupos considerados mais vulneráveis antes da campanha nacional, que terá início em 30 de abril.

Assim que o imunizante começar a chegar nos Estados, a vacinação já poderá ser feita, a critério de cada governo. Em São Paulo, o primeiro lote está previsto para ser liberado na próxima sexta-feira, 01, e nos demais Estados, a partir de segunda.

Vale ressaltar que cada administração deverá divulgar o calendário que adotará. A estratégia em parte atende a um pedido feito nesta segunda-feira, pelo governo de São Paulo.

Nos primeiros três meses de 2016, o número de casos registrados de H1N1 já superou o que foi relatado em todo o País entre janeiro e dezembro de 2015. Do começo do ano até o dia 19, foram registrados 305 casos e 46 mortes no Brasil. Em todo o ano passado, houve 141 casos e 36 óbitos.

Na semana passada, com o aumento do número de casos, o Estado solicitou ao Ministério da Saúde o envio de doses da vacina usadas durante a campanha de 2015. Elas foram aplicadas, em caráter emergencial, na cidade de São José do Rio Preto, onde a situação era considerada mais grave.

A ação teve como objetivo proteger apenas contra o H1N1. Contudo, os pacientes que receberam o imunizante deverão ainda, em data a ser definida pelo governo, receber o produto mais atual.

O imunizante contra a gripe tem sua composição alterada todos os anos. Ele é feito com base em uma combinação de cepas do vírus da gripe que mais circularam durante o inverno no Hemisfério Norte. Comparando com 2015, duas outras cepas do vírus influenza foram modificadas.

A antecipação traz um efeito colateral: os efeitos do imunizante se estendem pelo período de um ano. Isso significa que, quanto mais cedo a vacina for usada, mais cedo a pessoa se tornará suscetível.

A vacina contra a gripe é produzida pelo Instituto Butantã, em São Paulo, por isso, conforme o Ministério da Saúde, essa é a razão para o governo paulista receber o imunizante antes de outros Estados. No caso do restante do País, o produto é enviado para Brasília, que se encarrega de fazer a distribuição.

Ao todo, serão seis remessas do imunizante. As primeiras três deverão ser feitas entre os dias 1.º e 15 de abril. Nesse período, serão distribuídos 25 milhões de doses, o equivalente a 48% de toda a demanda. São Paulo vai receber neste período 5,7 milhões de doses.

A prioridade na vacinação será dada para grupos de risco na Grande São Paulo – ou seja, para idosos, pessoas com doenças pulmonares ou problemas cardíacos e gestantes.

A mudança da estratégia para vacinação deste ano para H1N1, no entanto, é feita com uma condição. Os Estados deverão reservar pelo menos 30% do total do imunizante para usar no Dia D (30 de abril). O Ministério da Saúde julga indispensável manter a campanha, que todos os anos tem potencial para atingir grande parcela do público-alvo.

Perguntas e Respostas

1. Qual a diferença entre a gripe comum e a H1N1?

Elas são causadas por diferentes subtipos do vírus influenza. Os sintomas são muito parecidos: tosse, febre repentina, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e coriza. Com o H1N1, os sintomas podem se manifestar de forma mais intensa.

2. Como ocorre a transmissão?

O vírus influenza pode começar a ser transmitido até um dia antes do início dos sintomas. O período de transmissão dura sete dias em adultos e até 14 dias em crianças. A forma mais comum de infecção é a direta entre pessoas, por meio de gotículas de saliva expelidas ao falar, tossir ou espirrar. A outra forma é a indireta, por meio de toque em superfícies contaminadas.

3. Qual a forma de prevenção?

Alguns cuidados de higiene devem ser tomados, como lavar as mãos frequentemente com água e sabão, evitar tocar os olhos, boca e nariz após contato com superfícies, não compartilhar objetos de uso pessoal e cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir ou espirrar.

4. Quais são os grupos de risco?

Os cuidados devem ser redobrados com crianças e idosos. Para os pequenos, principalmente no ambiente escolar, recomenda-se que, além de incentivar a lavagem correta das mãos, os brinquedos e objetos de uso comum sejam higienizados com álcool em gel. Já para os idosos, o perigo do vírus está nas complicações advindas com a gripe, como a pneumonia, e com o agravamento de doenças crônicas como hipertensão e diabete.

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