Evento do “Minha Casa, Minha Vida” cai na vala comum e vira palanque contra o impeachment

(Antonio Cruz - ABr)
(Antonio Cruz – ABr)

Beira a decadência moral a estratégia de Dilma Rousseff para tentar evitar o avanço do processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados e que tem como base os crimes de responsabilidade cometidos pela petista.

Desde que sua situação política passou a balançar à beira do precipício do descrédito, Dilma tem transformado solenidades oficiais no Palácio do Planalto em comícios bandoleiros contra o impeachment. Nesta quarta-feira (30), um evento do programa “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV) não demorou muito para se transformar em palanque a favor de Dilma.

Sem o esperado número de participantes, a saída foi acomodar em local de destaque da plateia os integrantes de movimentos sociais, que nas últimas semanas passaram a ser convocados para manifestações em favor da presidente.

Na cerimônia oficial realizada no salão principal do Palácio do Planalto, integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, MLT (Movimento de Luta pela Terra), FNL (Frente Nacional de Luta), entre outros, começaram a gritar palavras de ordem, não sem antes entoar o mantra do momento: “não vai ter golpe”.

Ocupando os lugares reservados para autoridades, como governadores e prefeitos, que não compareceram à cerimônia palaciana, os manifestantes de aluguel chamaram o peemedebista Michel Temer, vice-presidente da República, e o juiz federal Sério Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato, de “golpistas”.


Durante a cerimônia, Dilma defendeu o alto volume de subsídios do MCMV no lançamento da terceira etapa do programa. “Dinheiro público não pode resultar em muquifo, tem que resultar em casa boa e de qualidade”, destacou a petista.

“Nós temos orgulho de subsidiar porque sabemos que a conta do bolso do trabalhador e trabalhadora brasileira, dos quilombolas, dos extrativistas, a conta não fecha se o governo não for capaz de devolver recursos tributários para garantir a melhoria das condições de vida”, disse.

Acontece que Dilma, atribulada com a operação contra o impeachment, se esquece de recente fala do “companheiro” Lula, o quase ministro, que em depoimento à Polícia Federal disse que o apartamento em Guarujá, com 250 metros quadrados e de frente para o mar, era muito pequeno, um “triplex do Minha Casa, Minha Vida”. E é o mesmo Lula que a presidente diz ser a solução para a crise enfrentada pelo governo

Com o acirramento da crise política, o governo tem “contratado” essas claques amestradas que entoam palavras pró-governo. Espetáculo pífio que ganhou força há duas semanas, por ocasião da posse do quase ministro da Casa Civil, Luiz Inácio da Silva, o palestrante Lula. Uma semana depois, a performance bandoleira se repetiu em evento que tentou reproduzir, há dias, a “Campanha pela Legalidade”, deflagrada quatro anos do golpe militar de 1964.

Dilma, ainda na condição de presidente da República, pode decidir o que fazer nos domínios palacianos, mas não pode esquecer que foi eleita para comandar um país de todos os brasileiros, não apenas daqueles que a incensam no momento de agravamento da crise.

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