Governo tenta “cavalo de pau” contra o impeachment e promete reforma ministerial para sexta-feira

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Após o desembarque oficial do PMDB – a saída já era esperada pelo Palácio do Planalto –, o governo pretende repactuar até a próxima sexta-feira (1º) a relação com os partidos que ainda restam na base aliada. Essa manobra embalada pelo desespero se dará com a redistribuição dos cargos que eram ocupados pelos peemedebistas, de acordo com o chefe de gabinete da Presidência, Jaques Wagner. A estratégia do governo é deixar de lado a negociação política no atacado e partir para o varejo.

“O governo recebe com tranquilidade a decisão interna do PMDB e creio que chega em boa hora, porque oferece à presidente Dilma Rousseff uma ótima oportunidade de repactuar seu governo. Abre espaço político para uma repactuação”, disse Wagner na terça-feira (29). O ministro classificou a relação com o vice-presidente Michel Temer como “politicamente interditada”.

Indiretamente, o ministro questionou a legitimidade que Temer terá se chegar a assumir o governo, em caso de impeachment da presidente. “Se alguém com 54 milhões de votos enfrenta dificuldades, alguém que venha sem essa legitimidade terá dificuldade ainda maior”, afirmou o petista Jaques Wagner.

Os novos acertos devem ser feitos até a próxima sexta-feira, pois foram tratados e definidos em reunião na noite de terça-feira entre Dilma Rousseff e os chamados “ministros da Casa” – além do próprio Wagner, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo; Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação da Presidência; e ex-presidente Lula.

A grande questão que envolve o tema é que alguns ministros peemedebistas podem não deixar os cargos – pelo menos três decidiram continuar no governo –, o que atrapalharia o plano palaciano. Para dar sequência à cartada final, Dilma terá, em alguns casos, de demitir ocupantes de cargos ligados ao PMDB, o que acirraria ainda mais a já conturbada relação com o ex-aliado.

Na terça-feira, o PMDB decidiu romper com o governo federal, em uma decisão tomada por aclamação no encontro do Diretório Nacional do Partido, que rápidos três minutos. O partido também decidiu que os seis demais ministros do partido deverão deixar os cargos. Na última segunda-feira (28), Henrique Eduardo Alves deixou o comando do Ministério do Turismo.


Cavalo de pau contra o impeachment

Com a perda de apoio do PMDB, a estratégia agora será tentar obter apoios individuais contra o processo de impeachment, como antecipou o UCHO.INFO. O governo estaria ensaiando um discurso pouco convincente, mas típico de quem está sendo perseguido pelo desespero: de que a saída do PMBD até facilitaria a briga contra o impeachment. Isso porque na opinião dos palacianos a legenda “bloqueava” sete ministérios e só garantia entre 25 e 30 votos na Câmara dos Deputados, onde o governo precisa de pelo menos 172 votos para barrar o impeachment de Dilma.

O governo precisa angariar nos próximos dias entre 40 e 70 votos para pensar em respirar com certo alívio. Assessores da presidente trabalham insistentemente na negociação pontual com parlamentares, certos de que conseguirão 80 votos contra o impeachment. Mesmo assim, apesar do otimismo oficial, a tarefa é considerada impossível.

O governo ainda aposta na possibilidade de negociar com os ministros da Saúde, Marcelo Castro (PI), da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (RJ), com o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, além do senador Jáder Barbalho (PA). Presidente do PMDB no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, pai de Leonardo, defende a entregue imediata dos cargos ocupados pelo partido.

No contraponto, o Palácio do Planalto aguarda para os próximos dias os pedidos de demissão de Mauro Lopes, da Secretaria de Aviação Civil; Hélder Barbalho, da Secretaria de Portos; e de Eduardo Braga, das Minas e Energia. Os três têm interesses pessoais em ações das respectivas pastas e podem atrapalhar os planos do governo, pois tendem a permanecer mais algum tempo nos cargos.

A expectativa é que a ministra da Agricultura, Kátia Abreu – amiga da presidente da República – fique no cargo e troque de partido. Marcelo Castro, da Saúde, e Celso Pansera, da Ciência e Tecnologia, não devem sair agora e avaliarão a situação nas próximas semanas, mas por enquanto planejam permanecer nos cargos.