A Justiça da Bélgica aprovou nesta quinta-feira (31) a extradição para a França de Salah Abdeslam, ligado ao “Estado Islâmico” e suspeito de ter organizado os atentados de 13 de Novembro em Paris. Procurado há meses pelas autoridades, Abdeslam foi capturado em Bruxelas no último dia 18 de março.
“A transferência foi autorizada”, afirmou a Procuradoria Federal da Bélgica, em comunicado. “As autoridades belgas e francesas vão agora analisar, em conjunto, como prosseguir com a execução da extradição”, que não deve acontecer imediatamente.
Cedric Moisse, um dos advogados de Abdeslam, disse que o suspeito retirou sua objeção inicial à extradição e renovou sua oferta de cooperar com a França. “Salah Abdeslam deseja ser transferido para as autoridades francesas”, declarou o advogado. “Essa é a vontade dele e a palavra que ele quer que todo mundo ouça.”
O pedido para a extradição de Abdeslam foi avaliado nesta quinta-feira, durante uma audiência a portas fechadas. O suspeito, que está detido em prisão de segurança máxima na cidade de Bruges, não compareceu. Em vez disso, um oficial da Procuradoria Federal foi ao presídio para ouvir a versão dele.
“Dado o consentimento explícito de Salah Abdeslam para ser entregue às autoridades francesas, ele foi ouvido formalmente hoje por um magistrado federal, como está prescrito na lei”, explicou a Procuradoria belga, no mesmo comunicado.
Abdeslam, de 26 anos, é francês de origem marroquina, mas nasceu na Bélgica. Ele é o único sobrevivente dos mais recentes ataques na França, que deixaram 130 mortos e foram reivindicados pelo chamado “Estado Islâmico” (EI).
O suspeito, que é irmão de um dos homens-bomba de Paris, teria levado três dos terroristas ao estádio de futebol Stade de France. De acordo com investigadores franceses, ele tinha a intenção de detonar um cinto de explosivos em seu corpo, mas desistiu.
A captura de Abdeslam em Bruxelas, no bairro de Molenbeek, ocorreu quatro dias antes dos ataques de 22 de Março na capital belga, que deixaram 35 mortos e também foram reivindicados pelo EI.
Contudo, engana-se quem pensa que Abdeslam colaborará com as autoridades francesas, pois os terroristas do EI, assim como de outras organizações criminosos, são treinados para suportar pressões e, se necessário, passar às autoridades informações desencontradas.
Considerando que o serviço de inteligência francês falhou ao não evitar os atentados de novembro do passado, mesmo depois do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, não causará surpresa se as revelações de Salah Abdeslam derem em nada. (Com agências internacionais)