Carbono 14: nova fase da Lava-Jato leva à prisão petistas “ilustres” e chantagista do caso Celso Daniel

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Denominada “Operação Carbono 14”, a 27ª fase da Operação Lava-Jato foi deflagrada na manhã desta sexta-feira, 1º de abril, surpreendendo muitas pessoas investigadas no maior escândalo de corrupção de todos os tempos, o Petrolão. No rol de presos temporariamente estão o ex-secretário geral do PT, Silvio Pereira, conhecido como Silvinho Land Rover e um dos artífices do Mensalão, e o empresário Ronan Maria Pinto, acusado de ter recebido R$ 6 milhões para silenciar sobre a morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André que foi covarde e brutalmente assassinado por discordar da destinação dada ao dinheiro da propina arrecadada na cidade do Grande ABC.

A Polícia Federal também conduziu coercitivamente Delúbio Soares, ex-tesoureiro nacional do PT e condenado à prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), e o jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi e ligado a José Dirceu, que está preso em Curitiba.

Em depoimento à força-tarefa da Lava-Jato, em janeiro passado, o lobista Fernando Antonio Guimarães Hourneaux de Moura afirmou ter sido informado que Silvio Pereira recebia R$ 50 mil “em dinheiro vivo’ como “um cala-boca”, ou seja, uma espécie de mesada para garantir seu silêncio em relação às muitas irregularidades no âmbito da OAS e da UTC, empreiteiras investigadas no esquema de corrupção funcionou deliberadamente durante uma década na Petrobras.

Em depoimento na esteira de acordo de colaboração premiada, prestado em outubro de 2014, o doleiro Alberto Youssef revelou que suspeitava que Breno Altman seria um dos envolvidos em uma operação para calar um chantagista que poderia fazer novas revelações sobre o caso Celso Daniel, no caso o empresário Ronan.

A “Carbono 14” investiga crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, sendo que a PF cumpre doze mandados judiciais – em São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André –, sendo oito mandados de busca e apreensão, dois de prisão temporária e dois de condução coercitiva. As diligências policiais ocorrem também na empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto, a “Expresso Nova Santo André”, e a empresa DNP Eventos.

De acordo com o Ministério Público Federal, a Operação Carbono 14 investiga esquema de lavagem de dinheiro de cerca de R$ 6 milhões, montante proveniente de gestão fraudulenta no Banco Schahin, passivo que foi coberto posteriormente pela Petrobras por meio de contrato de operação de um navio-sonda. O dinheiro foi obtido pelo pecuarista José Carlos Bumlai junto ao Schahin, sendo que parte do valor foi repassada para o PT.

“Constatou-se que José Carlos Bumlai [empresário amigo do ex-presidente Lula] contraiu um empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin em outubro de 2004 no montante de R$ 12 milhões. O mútuo, na realidade, tinha por finalidade a ‘quitação’ de dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão”, informou a Procuradoria.

Em depoimento à Lava Jato, Bumlai, que agora cumpre prisão domiciliar por causa de doença, disse que metade desse valor foi direcionada ao PT de Santo André, por conta da chantagem de Ronan Maria Pinto, que teria exigido pedido R$ 6 milhões para não revelar detalhes do caixa 2 petista e a conexão desse ilícito com a morte de Celso Daniel, em 2002.
“Para fazer os recursos chegarem ao destinatário final, foi arquitetado um esquema de lavagem de capitais, envolvendo Ronan, pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores e terceiros envolvidos na operacionalização da lavagem do dinheiro proveniente do crime contra o sistema financeiro nacional”, destaca a nota do Ministério Público.
O MPF aponta que há evidências de que o PT atuou junto ao Schahin pela liberação do empréstimo.


“Em suma, há provas que apontam para o fato de que a operacionalização do esquema se deu, inicialmente, por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorifico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema.”

Ainda segundo os procuradores federais, o empresário carioca, por sua vez, fez transferências diretas para a Expresso Nova Santo André (controlada por Ronan), além de outras pessoas físicas e empresas indicadas pelo empresário [Ronan], entre eles o então dono do “Diário do Grande ABC”, periódico que acabou sendo comprado por Ronan. Os investigadores suspeitam que parte das ações do jornal foi comprada com dinheiro proveniente do empréstimo feito junto ao Schahin por Bumlai, através de contratos simulados.]

Nas investigações, PF descobriu que uma empresa de ônibus de Ronan recebeu R$ 2,9 milhões da Remar, companhia de “agenciamento”. A operação tem relação com depoimento prestado, em 2012, por Marcos Valério Fernandes de Souza, que detalhou a operação política de 2002 com o objetivo de comprar o silêncio de Ronan sobre irregularidades na prefeitura de Santo André.

Por ocasião do seu assassinato, em janeiro de 2002, Celso Daniel era coordenador da pré-campanha de Lula à Presidência e denúncias sobre irregularidades na prefeitura poderiam atrapalhar a primeira campanha vitoriosa do ex-metalúrgico.

As denúncias do site

Desde 2005, o UCHO.INFO afirma que os escândalos de corrupção protagonizados na era PT são conexos, o que mostra uma cadeia de crimes contra o Estado, cometidos sem qualquer preocupação pelos donos do poder e seus prepostos.

Em janeiro de 2004, quando o UCHO.INFO (à época “.com.br”) revelou com exclusividade as gravações do caso Celso Daniel, o empresário Ronan Maria Pinto ingressou com ações judiciais e, depois de muita batalha, tirou o site do ar, em clara ação intimidatória e de censura.

Meses mais tarde, em outubro do mesmo ano, uma pessoa que dizia-se ser vinculada ao PT e falando em nome de Silvio Pereira tentou subornar o editor do site com o objetivo de conseguir um dossiê contra José Serra, que semanas depois derrotaria a então petista Marta Suplicy na disputa pela prefeitura da capital paulista.

Diante da recusa por parte do editor, os criminosos passaram a intimidar parentes e a fazer ameaças por telefone. Grampos telefônicos duraram alguns meses, sendo que a partir de uma coversa do editor com um alto integrante do Judiciário acabou em escancarada ameaça de morte. Como nada aconteceu, os delinquentes construíram um cenário eivado de mentiras e invenções, que levou o magistrado à exoneração, em um dos mais arbitrários casos de aposentadoria compulsória.

Contudo, a batalha não cessou por aí. Em 2010, dias antes da eleição presidencial que levou Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto, o UCHO.INFO ficou fora do ar por quase uma semana, no rastro de uma ação criminosa perpetrada por pessoas ligadas a Delúbio Soares.

Apesar desse enredo criminoso que faz inveja às mais experientes organizações criminosas, Lula, o alarife que continua como quase ministro, ousa falar em golpe e no enfadonho “nós contra eles”. Enfim…

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