Ao licenciar-se da presidência do PMDB, Temer entrega a Jucá a artilharia contra o governo

romero_juca_1002

Presidente nacional do PMDB, Michel Temer, vice-presidente da República, licenciou-se do comando da legenda na manhã desta terça-feira (5). Coincidência ou não, a decisão foi tomada quase que em concomitância com o anúncio de que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Câmara dos Deputados abra processo de impeachment contra Temer. A decisão liminar de Mello atende a recurso impetrado por um advogado mineiro que teve seu pedido indeferido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Com o afastamento de Michel Temer, que licencia-se da presidência do PMDB uma semana após o partido romper com o desgoverno de Dilma Rousseff, assume imediatamente o comando do partido o senador Romero Jucá (RR). No Twitter, Jucá confirmou o anúncio e informou que fará um pronunciamento às 15h30 desta terça-feira no plenário do Senado.

O vice-presidente comandava o PMDB desde 2001. A assessoria de imprensa de Michel Temer declarou que a decisão foi tomada para que Jucá “tenha condições de defender o partido dos ataques que vêm sofrendo nos últimos dias”.

A saída temporária de Temer da presidência do PMDB é estratégica e tem múltiplos objetivos. O primeiro deles é a autopreservação política, já que o cargo de vice-presidente da República o deixa vulnerável e o impede de defender com maior ímpeto a legenda.


O segundo objetivo é a adoção de postura mais rigorosa com os peemedebistas que ainda não deixaram a equipe ministerial e com os que são contra o processo de impeachment.

A terceira é mais importante meta dessa manobra é tentar barrar o avanço de Lula sobre os senadores, já prevendo a possibilidade de o processo de impeachment chagar ao Senado Federal, o que exigiria o afastamento imediato de Dilma. Com Jucá na presidência do PMDB, o trabalho do ex-metalúrgico torna-se mais difícil e complexo. Ademais, Romero Jucá foi líder do governo Lula no Senado e sabe com o petista age nos bastidores.

Preparado e experiente no trato político, Romero Jucá por certo será um adversário feroz e resistente a ser enfrentado pelo Palácio do Planalto em sua cruzada contra o impedimento da presidente Dilma Rousseff.

Jucá, que é um conhecido adversário do governo petista, mantém boas relações com Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que ainda insiste no discurso contra o impeachment. Fora isso, o senador roraimense transita com facilidade entre os colegas de Parlamento. Em outras palavras, Michel Temer colocou caroço no angu político de Dilma Rousseff.

apoio_04