Impeachment: advogado-geral dá sinais de que o governo pode “melar” o processo

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Como antecipou o UCHO.INFO, o Palácio do Planalto mantém a ameaça de retardar o processo de impeachment com a alegação de que houve cerceamento do direito de defesa. Até a manhã desta segunda-feira (11) não se sabia se o governo faria tal alegação na Comissão Especial do Impeachment ou no plenário da Câmara dos Deputados, quando os parlamentares decidirão sobre o tema.

Durante defesa da presidente Dilma Rousseff, que deveria ter colocado a mão no bolso e contratado um defensor privado, o advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Martins Cardozo, deu mostras de que o PT está disposto a tudo e mais um pouco. Cardozo disse que não teve o direito de fazer perguntas aos subscritores do pedido de impeachment – Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal -, portanto, em sua opinião, fica caracterizado o cerceamento do direito á ampla defesa.

O AGU continua negando o cometimento de crime de responsabilidade por parte da presidente da República, ao mesmo tempo em que afirma ser o impeachment um processo jurídico, devendo acompanhar o que determina a lei. Ou seja, é real e crescente a chance de o governo atrapalhar ao máximo o processo. Até a madrugada do último sábado (9), quando terminou a demorada sessão da comissão Especial, os petistas defendiam que o processo de impeachment era político. Em outras palavras, o circo está armado e os petistas devidamente instruídos para “melar” o processo. Afinal, a roubalheira é grande e o projeto criminoso de poder precisa ser salvo a qualquer custo.


Esse comportamento rasteiro e oportunista de José Eduardo Cardozo mostra que o governo teme não apenas o resultado da Comissão Especial, que deve decidir até o final desta segunda-feira pela admissibilidade do pedido de impeachment, mas uma derrota fragorosa no plenário da Câmara. Do contrário, deixaria o processo correr na Comissão, sem se preocupar com o resultado da votação no colegiado.

Ao finalizar a defesa de Dilma, o advogado-geral disse que na dúvida não se pode afastar a presidente da República. José Eduardo Cardozo age de forma decadente ao empunhar a defesa da chefe, mas não pode negar a existência das criminosas e bilionárias “pedaladas fiscais”. No caso em questão não há uma dúvida sequer acerca do crime de responsabilidade cometido pela presidente, devendo a mesma se submeter ao que determina a legislação vigente.

Independentemente das suas afirmações, assim como da existência inequívoca de crime de responsabilidade, Cardozo deveria voltar ao passado e estacionar em uma fala de José Dirceu, preso na Operação Lava-Jato, que no plenário da Câmara disse que para cassar o mandato de Ricardo Fiúza, acusado de envolvimento no escândalo dos “Anões do orçamento”, não eram necessárias provas, apenas indícios. O processo contra Dilma está repleto de provas, mas os palacianos preferem fechar os olhos para a realidade.

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