Se no universo político existe o chamado “inferno astral”, a presidente Dilma Vana Rousseff está na antessala luciferiana e não sabe. Enfrentando um processo de impeachment que tem chances concretas de ser aprovado no plenário da Câmara dos Deputados, a presidente da República parece estar com a mão descalibrada para nomeações.
Pressionada pelo PT a nomear o ex-presidente Lula como chefe da Casa Civil, a petista viu o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a nomeação. O tema aguarda decisão do plenário da Corte, mas ainda não há data certa para que isso ocorra.
Flagrada em conversas nada republicanas com Lula, o lobista-palestrante, Dilma Rousseff guindou ao comando do Ministério da Justiça o procurador federal Eugênio Aragão, que logo nas primeiras entrevistas mostrou a que veio. Conhecido por sua extrema simpatia pelo PT, Aragão ameaçou “cortar cabeças” na Polícia Federal caso vazamentos no âmbito da Operação Lava-Jato continuassem acontecendo. O discurso foi duramente criticado pelos brasileiros de bem, levando o ministro a um quase obsequioso silêncio.
No momento em que o processo de impeachment entra na sua reta final antes de seguir para o Senado, caso seja aprovado na Câmara, Dilma foi surpreendida no início da tarde desta terça-feira (12) por decisão da juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura, da 7ª Vara Federal do Tribunal Regional Federal 1ª Região (TRF-1), que suspendeu da nomeação de Eugênio Aragão como ministro. Cabe recurso à decisão da magistrada. Ou seja, Eugênio Aragão por enquanto não é mais ministro.
A juíza Luciana de Moura entendeu que a nomeação de Aragão, procurador licenciado, fere a autonomia do Ministério Público Federal. Antes da chegada de Aragão, o Ministério da Justiça foi comandado pelo procurador Wellington Lima e Silva, procurador do Ministério Público da Bahia e indicado ao cargo pelo petista Jaques Wagner, então ministro da Casa Civil e hoje chefe de gabinete da Presidência da República.
Wellington Lima e Silva caiu no mesmo limbo jurídico e precisava desligar-se do MP baiano para continuar ministro. Com a redução de salário e a possibilidade de o governo Dilma terminar antes da hora, Lima e Silva preferiu retomar suas funções no Ministério Público da Bahia.
A decisão judicial que suspende a nomeação de Eugênio Aragão, que acontece na semana em que Dilma tenta barrar o impeachment com um escandaloso leilão de cargos e distribuição de dinheiro, deve piorar sobremaneira a situação da presidente, a um passo de ser despejada do Palácio do Planalto.