Nesta segunda-feira (18), em conversa com integrantes da cúpula do PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), destacou que é preciso ter “cautela” e que o trâmite do processo de impeachment na Casa deve seguir estritamente o que prevê o regimento para se evitar a judicialização por parte do governo.
A previsão dos senadores é de que a votação do processo de impeachment, no plenário do Senado, ocorra apenas no dia 21 de setembro. Esse quadro vai ao encontro dos interesses de Dilma Rousseff, a presidente, que aposta na postergação para viabilizar as negociações espúrias com o objetivo de salvar o mandato.
O presidente do Senado esteve reunido ao longo do dia na residência oficial com o presidente do PMDB em exercício, senador Romero Jucá (RR), e o líder do partido na Casa, Eunício Oliveira (CE). O encontro ocorreu menos de um dia após a Câmara aprovar, na noite deste domingo, por 367 votos a favor e 137 contrários, o processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Segundo os cálculos de Renan, Jucá e Eunício, a comissão especial, que deverá ser instalada no Senado e decidirá sobre a admissibilidade do processo de impeachment, deve concluir os trabalhos no próximo dia 10 de maio.
Objetivando evitar desgastes ao partido, a tendência é de que o PMDB não assuma a relatoria do processo, podendo indicar para o cargo parlamentar de outro partido. Entre os nomes mais cotados está o da senadora Ana Amélia (PP-RS).
Apesar de ainda restarem cinco meses para o desfecho no plenário, segundo a previsão inicial, os senadores acreditam que um passo em falso neste momento pode levar o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF) e adiar ainda mais a conclusão do processo de afastamento da petista.
Para se evitar qualquer erro na discussão do impeachment, Renan deve se reunir com o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, ainda nesta segunda-feira, para discutir os procedimentos que deverão ser adotados na tramitação do processo.
Até o momento, Renan não foi procurado nem por integrantes da cúpula do governo e nem pelo ex-presidente Lula para tratar do tema.
Essa anunciada morosidade na decisão sobre o pedido de impedimento da presidente da República merece ser alvo da pressão popular, pois no caso de Fernando Collor de Mello o assunto foi resolvido com muita celeridade. O Brasil enfrenta uma grave e série crise, clamando por uma solução certeira e rápida para minimizar o caos e vislumbrar um horizonte menos carrancudo.
Nessa má vontade dos senadores de apressar o processo, respeitando a lei, há muitos assuntos mal explicados. Resta saber quem está a ganhar com essa situação, pois com certeza os brasileiros de bem perdem mais uma vez.