A estratégia palaciana de transformar Dilma Rousseff em vítima de um suposto golpe parece fracassar, assim como falharam algumas manobras do governo para tentar esvaziar a votação do pedido de impeachment, que teve lugar na Câmara dos Deputados no último domingo (17).
Em nota distribuída à imprensa no começo da noite desta terça-feira (19), dirigentes e líderes de quatorze partidos favoráveis ao impedimento manifestaram repúdio às declarações de Dilma a jornalistas estrangeiros, durante entrevista coletiva concedida pela manhã no Palácio do Planalto. Na ocasião, a presidente disse que lamentavelmente o Brasil tem “veio golpista adormecido”, situação que, segundo a petista, perdura desde a era de Getúlio Vargas.
Os líderes partidários afirmam na nota que “para defender-se ela [Dilma] inverte sua posição de autora em vítima”. Os partidos que assinam a nota afirmam que Dilma persiste no “erro de tachar de ‘ilegal’ e ‘golpista’” a decisão tomada pela Câmara dos Deputados, desde a recepção da denúncia por crime de responsabilidade até a aprovação pelo plenário da Casa.
Os signatários lembram no documento que “o impeachment foi chancelado pela Suprema Corte do Brasil”, no caso o STF.
Como já ressaltou o UCHO.INFO em diversas ocasiões, o Brasil ainda é uma democracia – e tem condições de seguir adiante nessa condição – e como tal garante aos cidadãos os direito constitucional da livre manifestação do pensamento. Contudo, o que Dilma não pode fazer é tentar transformar uma sonora mentira em verdade perene, pois não restam dúvidas acerca da legalidade e da legitimidade do processo de impeachment que agora tramita no Senado Federal.
Se a presidente não desiste desse enredo típico de dramalhão mexicano, o melhor conselho que podemos dar é que procure um psiquiatra, pois o erro está na sua psique, não na suposta ilegalidade do processo.
O Brasil afunda em uma crive grave e crescente, mas a petista mostra estar preocupada apenas com o próprio cargo, não com as agruras enfrentadas diariamente pelos cidadãos, sejam de bem ou não. Fosse corajosa e de personalidade definida, como alega em seus enfadonhos discursos, Dilma teria um gesto de grandeza renunciaria ao mandato, deixando que o País pudesse seguir livremente o seu caminho.
Confira abaixo a íntegra da nota de repúdio:
“NOTA DE REPÚDIO
1. Os partidos políticos adiante identificados, através de seus lideres ou representantes partidários na Câmara dos Deputados, vem a público para REPUDIAR DE FORMA VEEMENTE o triste espetáculo que a Nação assistiu, na manhã desta terça-feira, encenado pela Sra. Presidente da República, perante correspondentes da imprensa estrangeira no país, em que procurou desqualificar a soberana decisão da Câmara dos Deputados do Brasil, no último dia 17, quando esta, obedecendo fielmente o regramento estabelecido pelo STF – Supremo Tribunal Federal -, autorizou o processamento da denúncia formulada contra ela por prática de crimes de responsabilidade, nos termos dos arts. 85, VI e 167, V da Constituição Federal e arts. 10, item 4 e 11, item 2 da Lei nº da Lei 1.079/50, em razão da abertura de créditos suplementares sem a autorização do Congresso Nacional, bem como no art. 11, item 3 da Lei 1.079/50, em razão da contratação ilegal de operação de créditos, as chamadas “pedaladas fiscais”.
2. A Sra. Presidente da República insistiu no erro de tachar de “ilegal” e “golpista” a ação dos senhores deputados, omitindo propositadamente que o rito do impeachment foi determinado peloSupremo Tribunal Federal, nos julgamentos das inúmeras e frustradas tentativas de seu governo de impedir a atuação do poder legislativo. O Impeachment foi chancelado pela Suprema Corte do Brasil.
3. O parecer da Comissão Especial relatado pelo Deputado Jovair Arantes, que demonstra os crimes de responsabilidade por ela cometidos, restou aprovado pela contundente maioria de 367 votos, dentre os 513 representantes do povo brasileiro.
4. A Câmara dos Deputados autorizou para que o Senado Federal dê andamento no processo e promova o julgamento da Sra. Presidente, onde ela terá, novamente, amplo direito de defesa, sob o comando do Presidente do Supremo Tribunal Federal.
5. A Sra. Presidente da República, desconsidera que está sendo acusada de ter cometido um dos maiores crimes que podem ser praticados por uma mandatária, já que a vítima, no caso, é toda a nação. Para defender-se ela inverte sua posição de autora em vítima.
6. A vã tentativa de vitimização, sob a alegação de injustiça, não encontra amparo no relatório da Comissão Especial, na decisão do Plenário da Câmara dos Deputados, nas decisões do STF, na realidade dos fatos e na soberana vontade da ampla maioria da população brasileira.
Brasília, DF, 19 de abril de 2016
PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO – PMDB – SENADOR ROMERO JUCÁ – PRESIDENTE EM EXERCÍCIO
PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA – PSDB – LÍDER ANTÔNIO IMBASSAHY
PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO – PSD – LÍDER ROGÉRIO ROSSO
PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO – PSB – LÍDER FERNANDO COELHO FILHO
DEMOCRATAS – DEM – LÍDER PAUDERNEY AVELINO
PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO – PRB – MARCOS PEREIRA – PRESIDENTE NACIONAL
PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO – PTB – LÍDER JOVAIR ARANTES
SOLIDARIEDADE – SD – LÍDER GENECIAS NORONHA
PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL – PTN – RENATA ABREU – PRESIDENTE NACIONAL
PARTIDO SOCIAL CRISTÃO – PSC – LÍDER ANDRÉ MOURA
PARTIDO POPULAR SOCIALISTA – PPS – LÍDER RUBENS BUENO
PARTIDO VERDE – PV – LÍDER SARNEY FILHO
PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL – PROS – LÍDER RONALDO FONSECA
PARTIDO SOCIAL LIBERAL – PSL – LÍDER ALFREDO KAEFER”