Envolvida na Lava-Jato, Odebrecht dá calote em dívida de US$ 9,6 milhões

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A Odebrecht Óleo e Gás não pagou US$ 9,6 milhões em juros de título em dólares emitido no exterior. A data limite para o pagamento da dívida era a última sexta-feira (15). Como consequência, a empresa poderá ter toda a sua dívida acelerada, isto é, os credores poderão exigir o pagamento imediato de toda a dívida da empresa.

A companhia já havia suspendido o pagamento no dia 17 de março, quando originalmente vencia o prazo referente aos juros dos bônus perpétuos de US$ 550 milhões. Contudo, por contrato, a Odebrecht tinha mais 30 dias para honrar a dívida. Passado esse prazo, a decisão tomada foi a de não pagar.

De acordo com nota enviada pela empresa, o objetivo é preservar a liquidez da companhia para que siga operando normalmente.

A crise financeira da Odebrecht Óleo e Gás iniciou com o cancelamento pela Petrobras de um contrato de afretamento e operação da sonda semissubmersível ODN Tay IV. O contrato garantia duas outras séries de bônus emitidos pela companhia no valor total de US$ 3,1 bilhões e com vencimento nos anos de 2021 e 2022.

Pelas regras estabelecidas na emissão dos bônus, no caso de cancelamento do contrato por parte da Petrobras, a empresa tinha 90 dias para fazer um novo negócio. O prazo não fui cumprido. O fato é que, com a queda dos preços do petróleo no mundo inteiro, que afetou as petroleiras em geral, não há demanda por sondas e a Odebrecht não conseguiu um novo contrato.


Acredita-se que mais de 70 sondas estejam atualmente paradas em todo o mundo, sem interessados em usar os serviços. Esse foi um dos motivos que levaram os credores desses bônus a aceitaram renegociar as condições da dívida. O prazo final para se chegar a um acordo é o fim do mês de maio.

No caso dos bônus perpétuos, que são títulos sem vencimento caracterizados pelo pagamento de juros anuais, a Odebrecht terá de abrir outra frente de negociação com seus credores.

Segundo um advogado que cuida dos interesses dos detentores de bônus da Odebrecht, a vantagem para a empresa nesse caso é que os donos dos bônus perpétuos não estão organizados e podem demorar a acionar a companhia.

Conforme fonte ligada à empresa, existe a expectativa de se fazer o pagamento até a próxima semana. Em nota oficial, a companhia afirmou que “segue em discussões com seus stakeholders e analisa soluções para o fortalecimento de sua posição financeira de curto e longo prazos, em meio ao desafiador cenário vivido pela indústria de petróleo e gás mundial”.

Em 2014, o grupo Odebrecht tinha dívida líquida consolidada de R$ 63 bilhões, já descontado o montante em caixa. A empresa foi envolvida na Operação Lava-Jato e o presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, está preso desde 2015.

A empresa anunciou que seus executivos farão acordo de delação premiada “definitivo”.

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