Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado comentou o recuo da presidente Dilma Rousseff, que não usou a tribuna da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta sexta-feira (22/04), para fazer uma defesa política de seu combalido governo.
No entendimento do senador, que concedeu coletiva de imprensa no Senado logo após discursar na tribuna, após pressão das instituições da democracia brasileira, a presidente “teve bom senso” para não enveredar sua fala em uma cerimônia sobre o clima para difamar o processo de impeachment que sofre no Brasil.
“É claro que a pressão que foi exercida pelo STF e pelo Congresso surtiu efeito e acabou dando um pouco de bom senso para que a presidente não enveredasse para uma linha que levaria a um constrangimento enorme. A comunidade internacional não iria aceitar e seria uma grande afronta às instituições, como disse ministros do Supremo. Felizmente, caiu a ficha da presidente”, comentou.
Para Caiado, a versão que Dilma tentaria passar não encontraria sustentação entre os políticos e diplomatas presentes que acompanham de perto a crise política no país, sabem que a democracia brasileira segue firme e que o processo de afastamento segue o rito constitucional referendado pelo Supremo. “O próprio recuo da presidente foi um sinal de que a democracia segue funcionando, com equilíbrio entre os poderes e total normalidade constitucional”, comentou.
Líder do PPS analisa discurso
“O puxão de orelha do Supremo, que é guardião da Constituição, foi importante para que Dilma recuasse dessa ideia fixa de falar de golpe na ONU. Esperamos que a partir de agora a presidente seja sensata e adote uma postura responsável de acordo com o cargo que ocupa”, afirmou Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara dos Deputados.
A expectativa era de que Rousseff utilizasse o pronunciamento no evento de assinatura do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas para repetir a mesma estratégia de “vitimização” usada no Brasil e em entrevistas a jornalistas estrangeiros. “Se ela falasse de golpe na ONU, submeteria o Brasil a vexame internacional”, acrescentou o líder do PPS.
Na maior parte do discurso a presidente da República referiu-se ao compromisso do Brasil com o meio ambiente, mas, no final, mencionou o momento difícil por que passa o País. Segundo a petista, o povo brasileiro ama a liberdade e saberá impedir retrocessos.
Para Rubens Bueno, a reação dos ministros Dias Toffoli, Celso de Mello e Gilmar Mendes contrária à postura adotada por Dilma também encontra ressonância na sociedade brasileira e na comunidade internacional. “O processo de impeachment está transcorrendo de acordo com o que determina a Constituição. A presidente cometeu crime de responsabilidade e deve ser afastada por isso”, avaliou o parlamentar.
Comissão do Impeachment
Ronaldo Caiado também tratou do debate sobre a Comissão do Impeachment no Senado e a indicação do relator que deve apreciar o processo vindo da Câmara. Após ter seu nome sugerido como opção, o democrata afirmou que aceitaria a indicação imediatamente. “Aceito de imediato já deixando claro que daria total celeridade a essa comissão”, antecipou.
Dias úteis x dias corridos
O senador criticou que o governo tente criar uma nova polêmica tentando fazer com que o prazo da Comissão do Impeachment seja contado em dez dias úteis, não dias corridos. “Esse é um tema que não vamos abrir margem para negociação e estou disposto a fazer nova questão de ordem para atestar o que diz a lei. Ninguém tem tempo para ficar guardando fim de semana com o país vivendo uma crise dessa”, concluiu.