Juro do cheque especial chega a 300% ao ano; taxa é a maior desde a criação do Plano Real

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A taxa média de juros do cheque especial para pessoas físicas alcançou, em março, a incrível e escorchante marca de 300,8% ao ano. Desta forma, superou pela primeira vez o percentual recorde verificado em julho de 1994 (294% ao ano), quando teve início o acompanhamento pelo Banco Central.

O custo dessa linha de crédito praticamente dobrou em dois anos. Estava em 159% em março de 2014. O estoque dessa modalidade encolheu 0,4% nos últimos doze meses. A inadimplência passou de 12,8% para 15,3% no mesmo período.

A linha mais cara para a pessoa física continua sendo o rotativo do cartão de crédito, que alcançou 449,1% ao ano em março. Um ano antes, essa modalidade estava com uma taxa de juros média de 345,8% ao ano, de acordo com o Banco Central.

Ao contrário do que aconteceu com o cheque especial, aumentou o uso dessa modalidade. O estoque cresceu 18,6% nos últimos 12 meses, e inadimplência passou de 34,1% para 36,6% no mesmo período.

Há quase quatro anos, em 1º de maio de 2012, a presidente Dilma Rousseff criticou as altas taxas de juros no cheque especial (159% na época) e no cartão de crédito (326%), ao afirmar que era “inadmissível” que o Brasil tivesse as taxas de juro mais altas do planeta.

Aquele foi o início da política de redução de juros do governo (da taxa básica e dos juros nos bancos públicos), que começou a ser revertida já em 2013 por causa da alta da inflação.


No relatório divulgado nesta quinta-feira (28), o Banco Central informou também que o estoque de crédito encolheu pelo terceiro mês seguido em março. A queda foi de 0,7% em relação ao mês anterior. Nos últimos doze meses, cresceu 3,3% (abaixo da inflação de 9,4%), o que representa desaceleração em relação aos 5,2% até fevereiro.

Apenas o crédito para pessoas físicas com recursos direcionados (basicamente imobiliário e agrícola) cresceu em março em relação a fevereiro e se mantém com desempenho acima da inflação na comparação em 12 meses, com expansão de 10,5%.

O crédito ao consumo (para pessoas físicas com recursos livres) encolheu 0,7% no trimestre e avançou 1,7% em doze meses. Em relação ao mesmo período de 2015, o crédito para empresas com taxas de mercado ficou estagnado. Os empréstimos com subsídios do BNDES caíram 0,7% nessa comparação.

Enquanto isso, a inadimplência no crédito ao consumidor passou de 5,3% para 5,6% entre dezembro do ano passado e março deste ano. Para as empresas, aumentou de 5,2% para 6,2% nas modalidades sem subsídios.

Nos empréstimos com recursos subsidiados, esses atrasos passaram de 1,1% para 1,5% na pessoa física e de 1,8% para 2,1% na jurídica.

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