“Participei ontem, acompanhando a presidenta Dilma, do ato dos trabalhadores em comemoração ao Dia do Trabalho e em protesto contra a tentativa de golpe atualmente em curso. Milhares de trabalhadores e muitas lideranças políticas e sindicais participaram do ato, no Vale do Anhangabaú”.
O relato é da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), uma das principais acusadas de corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato, posando de vítima e relatando sua participação no ato em comemoração ao 1º de Maio ao lado da ainda presidente da República. A senadora, que tem envergonhado o Paraná com suas intervenções desastradas no Senado, agora também dá vexame por escrito.
“Apesar da delicadeza do momento político, a presidenta Dilma estava tranquila e mostrou-se disposta a seguir lutando pela democracia e o Estado de Direito”, escreveu Gleisi.
Contudo, a senadora omitiu que a presidente luta também para manter o direito de usar o Airbus presidencial, além de querer alugar um Boeing 767 para transportar comitiva de sem-terra, militantes petistas e outros agregados do PT em viagens Pelo país e ao redor do planeta quando for afastada do governo. A chefe do Executivo federal também estaria empenhada para manter seus ministros longe da mira juiz federal Sérgio Fernando Moro e da cadeia.
“Dilma aproveitou para, mais uma vez, denunciar a armação política/jurídica que tenta dar base para a retirada de uma presidenta eleita com 54 milhões de votos, um verdadeiro golpe, iniciado por vingança e chantagem por parte do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha. Vingança porque deputados do PT não se submeteram às ameaças de Cunha, que quis negociar com o governo para não iniciar o processo de impeachment, em troca de não prosperar a Comissão de Ética que o julgaria”, destaca Gleisi.
A petista insiste em denunciar um golpe que não existe, mas omite a avalanche de corrupção que devastou o País e tem ela própria como uma das figuras mais proeminentes e comprometidas no escândalo. Gleisi foi acusada por cinco delatores do Petrolão de ter recebido dinheiro do esquema criminoso e foi denunciada por corrupção passiva juntamente com o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva.
“Jornais de todo o planeta têm relatado o que acontece em nosso País e se referem ao inusitado de uma presidenta que não é formalmente acusada de nenhum crime ter o seu afastamento aprovado em processo comandado por um deputado que é réu em processo no STF”.
É mentira. Levantamento produzido pela “Folha de S. Paulo” e outros grandes jornais do País relatam que a situação no Brasil é de plena normalidade democrática. Dilma está sendo cassada por crime de responsabilidade e por causa das pedaladas fiscais, que contribuíram decisivamente para destruir a economia nacional.
Em último delírio, Gleisi ataca o histrionismo dos deputados na votação do impeachment, como se isso isentasse o PT de seus crimes, e mostra-se completamente equivocada ao imaginar que o afastamento de Dilma pode ser contido.
“O Brasil inteiro testemunhou e sentiu a vergonha que foi a sessão da Câmara em que se aprovou o pedido de impeachment. Estamos lutando para que no Senado a discussão seja mais serena e leve em consideração os aspectos técnicos e jurídicos, além do debate político, natural numa casa legislativa. Vamos até o fim para demonstrar que o golpe em andamento irá prejudicar o Brasil por muitos anos. Ainda é tempo de evitar essa mancha em nossa democracia”.