Desde que o processo de impeachment de Dilma Rousseff começou a dar os primeiros passos, o PT e seus aliados têm vociferado a cantilena enfadonha do golpe, como se no Brasil inexistissem leis e o brasileiro fosse desprovido de massa cinzenta.
Garantir a existência de algo que não existe é assassinar a consciência. E é exatamente isso que os petistas insistem em fazer, deixando à mostra o nível de desespero que tomou conta do Palácio do Planalto e do próprio partido. Isso porque com a chegada de um novo governo, as malandragens dos “companheiros”, que não são poucas, serão facilmente descobertas.
Na Comissão Especial do Impeachment no Senado, onde o discurso do golpe ganhou força e destaque, sobram declarações cansativas e repetitivas acerca das supostas consequências do impedimento da presidente da República. Do fim dos programas sociais ao corte dos direitos trabalhistas, passando pela implosão de uma política externa inteligente e moderna, tudo vem sendo exposto no rastro da mentira como forma de tentar reverter um quadro que para a extensa maioria já está definido. Dilma será apeada do poder.
Para a tropa de choque do governo na Comissão, o impeachment só prosperou por culpa de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, que vem sendo chamado pelos petistas de corrupto e outros adjetivos menores. Mesmo na condição de presidente da Casa legislativa, Cunha não tem como contrariar a lógica e desrespeitar a lei. Não se trata de defender Eduardo Cunha, mas não se pode esquecer os corruptos petistas que estão atrás das grades e outros tantos que ainda terão esse privilégio concedido pela lei.
No momento em que falam em golpe e afirmam que só o PT é capaz de reverter o caos econômico que se instalou no País, os “companheiros” simplesmente ignoram a desastrada política econômica adotada por Dilma, que durante anos a fio foi alertada para o perigo que representava a medida. Na verdade, o desastre econômico brasileiro começou com Lula, quando a crise internacional foi classificada como “marolinha”. Coube a Dilma dar sequência ao irresponsável plano de estímulo à economia.
As malfadadas “pedaladas fiscais” e os decretos de suplementação orçamentária, editados sem autorização do Congresso Nacional, foram a derradeira pá de cal na sepultura da economia nacional, mas os “camaradas” alegam que os fins justificam os meios. Esse fato não interessa aos que defendem Dilma, pois petistas não têm humildade suficiente para enxergar os próprios erros. Esse quadro foi suficiente para despejar sobre a economia uma sequência de fatos negativos, entre os quais a alta da inflação oficial, o avanço do desemprego, a queda vertiginosa no consumo, a perda do poder de compra dos salários, o fechamento de negócios e a paralisia no setor produtivo.
Agora, contrariando o discurso de preocupação com o futuro do País, o governo do PT, em mera atitude revanchista, decide corrigir a tabela do Imposto de Renda e majorar o valor dos benefícios do programa “Bolsa Família”, que ao longo de mais de uma década serviu para os petistas manterem um fiel curral eleitoral. A correção da tabela do IR há muito vem sendo cobrada, mas o reajuste anunciado por Dilma foi mais um caso pensado para dificultar a vida de Michel Temer.
O mesmo pode-se afirmar sobre o aumento do valor dos benefícios do “Bolsa Família”, algo que compromete sobremaneira as contas públicas. Essa medida não apenas dificulta a atuação do próximo governo, mas garante ao PT a possibilidade de usar essa massa de manobra nos muitos protestos que ocorrerão em todo o País após o afastamento de Dilma.
Petistas e aliados falam reiteradamente em golpe, mas a esquizofrenia administrativa e a miopia ideológica impedem que a realidade seja contemplada de forma realista e isenta. Se há no Brasil um golpe em marcha, esse é o do PT, que por todas as vias tenta manter-se no poder por tempo indeterminado, a exemplo do que prevê o projeto criminoso elaborado pelo partido antes de sua chegada ao Planalto Central.