Rui Falcão chama Eduardo Cunha de “delinquente” e mostra que o PT sofre de carência de espelhos

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O universo político brasileiro jamais viveu período de tamanha degradação. Aliás, esse cenário começou a despontar no horizonte com mais ênfase quando Lula, então deputado constituinte, disse que no Congresso havia trezentos picaretas. Como se ele não fosse um deles, mesmo que à época essa picaretagem estivesse enrustida.

Na manhã desta quinta-feira (5), após o anúncio de que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seu imediato afastamento da presidência da Câmara dos Deputados, sobraram críticas ao peemedebista, algo já esperado.

Presidente nacional do PT, Rui Falcão comemorou a decisão e chamou Cunha de “delinquente”, como se o seu partido fosse um ajuntamento de inocentes bem intencionados. Quando alguém reage como Falcão, fica claro que o País nada pode esperar dos políticos, pois é inconcebível que o presidente de um partido que age como organização criminosa critique um adversário que, diante dos fatos, parece fazer concorrência à “companheirada” nessa roubalheira desenfreada que domina o cotidiano nacional.

O PT está a poucos passos de ser varrido da política, algo que deve se consumar com o avanço das investigações sobre Lula, o alarife que ganha a vida como lobista-palestrante, mas os petistas não perdem a pose e muito menos a arrogância bandoleira. Responsável maior pelo período mais corrupto da história do País, Lula está recolhido, mas deveria orientar o comandante da legenda a não fazer comentários exaltados sobre Cunha, a não ser o que estabelece o protocolo.


É compreensível que um ladrão queira roubar sozinho em determinado setor, mas essa postura mafiosa em nada colabora com a democracia. Portanto, o melhor no momento é agarrar-se à parcimônia, antes que os pés sejam trocados pelas mãos, se é que já não foram. Essa prudência é necessária por vários motivos, a começar pelo fato de que a decisão do ministro Teori Zavascki tem caráter liminar e pode ser mudada pelo plenário do Supremo, mesmo que isso pareça difícil.

O UCHO.INFO não tem procuração para defender Eduardo Cunha – e não o faria se tivesse –, mas é preciso atentar para alguns pontos da Constituição Federal, que de maneira clara e incontestável prega a independência dos poderes da República. De tal modo, a decisão de Zavascki caracteriza a ingerência de um poder em outro. Isso fere claramente o princípio constitucional da separação dos poderes, ensejando ação específica.

Engana-se quem pensa que Eduardo Cunha está politicamente morto. Quem conhece as entranhas da política na esfera federal sabe que sua saída de cena não significa que deixará de atuar nos bastidores. Aliás, diante da decisão do ministro do STF, Cunha terá tempo de sobra para atuar de maneira deliberada e acintosa nas coxias do poder. Prova maior desse poder de fogo, que não é pequeno, foi a maneira como conduziu o processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, que sem a sua participação não teria vingado.

De tal modo, é cedo para comemorações, mesmo que descabidas sejam, da mesma maneira que é desnecessária a troca de ofensas no estilo “faroeste caboclo”. Ademais, a cúpula do PT chamando Cunha de delinquente é o roto falando do rasgado ou, então, os companheiros sofrem de carência de espelho.

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