Denunciada por Janot e acusada de corrupção por delatores da Lava-Jato, Gleisi faz-se de vítima

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Pode faltar tudo à senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), mas desfaçatez é mercadoria em abundancia na seara da petista. Principal denunciada por corrupção no Senado, apontada por cinco delatores da Operação Lava-Jato como recebedora de propina e alvo central da Operação Pixuleco II (18ª fase da Lava Jato), Gleisi diz estar sendo perseguida pelo “que é” (mulher, petista ou corrupta?). Em mais um delírio interpretativo, a senadora aproveitou o momento para afirmar ser vítima de uma perseguição “nazista”.

Em texto distribuído à imprensa, a senadora alega que o processo de que é alvo “lembra o estado nazista de Hitler”. Tudo porque Gleisi “é” petista e “linha de frente no combate ao golpe, em defesa da democracia e da legalidade”.

A ex-chefe da Casa Civil afirma que “não fez” aquilo que lhe imputa o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que é chamado de “sócio do golpe”. Gleisi Hoffmann é vítima de perseguição política porque ela é contra o impeachment da presidente Dilma. Na lista de desculpas não faltou nem mesmo a de ser “perseguida” por ser mulher. “O machismo que domina a política brasileira em tempo de Dilma”.

Nenhuma explicação plausível foi dada para o fato de o procurador-geral da República ter denunciado Gleisi ao Supremo Tribunal Federal (STF), em um dos inquéritos da Operação Lava-Jato. Além de Gleisi, foi denunciado o marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), e o empresário Ernesto Kugler, ligado ao casal.

O trio é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por suposto recebimento de R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. De acordo com depoimento de delatores, o valor tem como origem os superfaturados contratos com a Petrobras.


A senadora e o ex-ministro foram citados nas delações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Um novo delator, Antônio Carlos Pieruccini, afirmou que o dinheiro foi transportado, em espécie, de São Paulo para Curitiba, em quatro viagens e que os montantes foram entregues a Ernesto Kugler.

Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, decidir se aceita ou não as denúncias contra Gleisi, Bernardo e Kluger, devendo submeter o caso à 2ª Turma da Corte, que cota com cinco magistrados.

No caso de os ministros decidirem dar provimento à denúncia, o outrora “casal 20” da Esplanada dos Ministérios será réu em ação penal, assim como Ernesto Kluger, dono de um centro comercial popular da capital paranaense. Somente a partir dessa decisão é que iniciará a fase de coleta de provas e testemunhos.

O advogado Rodrigo Mudrovitsch, que representa a senadora e o ex-ministro, afirmou aguardará a intimação pelo ministro Teori Zavascki para apresentar a defesa. “A denúncia causou surpresa e indignação. É uma denúncia frágil e merece ser derrubada pelo Supremo”, disse à Agência Brasil.

Em nota, os advogados de Gleisi informaram que “todas as provas que constam no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou recebimento de nenhum valor por parte da senadora. A denúncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal”.

“Ao apagar das luzes, depois de um ano e meio da abertura do inquérito, uma terceira pessoa [Antônio Carlos Pieruccini] aparece disposta a dizer que teria realizado a suposta entrega de valores, numa nova versão que foge de qualquer raciocínio lógico. Vale lembrar que esta pessoa é amigo/sócio/ funcionário de Alberto Youssef, o que comprova ainda mais a fragilidade das provas e se vale do mesmo advogado de Alberto Youssef para fazer sua delação”, destaca a nota.

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