Muitos latinos estão solicitando a cidadania norte-americana. Os motivos são o desejo de participar das eleições presidenciais de novembro próximo e a pretensão de votar na democrata Hillary Clinton, barrando o republicano Donald Trump nas urnas.
Trump colocou a deportação de imigrantes sem documentos e a construção de um muro na fronteira com o México no centro de sua plataforma de campanha. Seu discurso estimulou uma reação de hispânicos em todo os Estados Unidos, com aumento no registro de eleitores e nos pedidos de naturalização – o primeiro passo para o exercício do direito ao voto.
Nos seis meses encerrados em janeiro, o número de processos de cidadania subiu 14,5% em relação a igual período de 2015.
Os latinos são a parcela do eleitorado estadunidense que cresce mais rapidamente e poderão ser decisivos na disputa entre Trump e a provável candidata democrata, Hillary Clinton. Em 2000, eles representaram 7% dos que foram às urnas. Na reeleição de Barack Obama, em 2012, já eram 11%. A expectativa é de que o porcentual chegue a 12% nas eleições de novembro.
Adrian Pantoja, analista sênior da empresa de pesquisas Latino Decisions, destacou que o voto latino foi um dos principais fatores que garantiram a vitória de Obama em 2008 e 2012, ao definir a eleição na Flórida, Nevada e Colorado. Esses são alguns dos chamados “swing states”, que se alternam entre os dois partidos que dominam a política americana. Nas eleições presidenciais de 2000 e 2004, os republicanos ganharam nos três Estados.
Dados do Pew Research Group mostram que o eleitorado de 2016 será o mais diverso da história norte-americana, com 31% de participação de negros, hispânicos, asiáticos e outras minorias – um aumento de 2 pontos porcentuais em relação à disputa de 2012.
No ano 2000, quando George W. Bush venceu o democrata Al Gore, os brancos eram 78% dos eleitores. Agora, devem ser 69%. Em 2012, Obama teve mais de dois terços dos votos entre as minorias que compõem o eleitorado americano: hispânicos (71%), negros (93%) e asiáticos (73%). Entre os brancos, apenas 39% optaram pelo atual presidente dos EUA. Seu adversário republicano, Mitt Romney, conquistou 59% dessa parcela do eleitorado.
Caso os mesmos porcentuais forem mantidos na eleição de novembro, Trump terá de conquistar no mínimo 63% do voto branco para vencer. Mas Pantoja considera pouco provável que o candidato repita os 27% de seguidores hispânicos que optaram por Romney. Em sua estimativa, o porcentual ficará pouco acima de 20%, o que ampliará a parcela de votos brancos que o republicano terá de conquistar.
Em 2000, o editor do UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que em no máximo vinte anos os latinos seriam decisivos nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A aposta teve como base o avanço da comunidade hispânicas na terra do Tio Sam e a participação cada vez maior nas questões políticas. Com o advento Donaldo Trump como candidato republicano, esse prazo se antecipa em apenas quatro anos.