Quando chegou ao poder central, o partido dos Trabalhadores não teve dificuldade para rasgar o discurso moralista do passado. Fez isso com tranquilidade e mergulhou de cabeça no oceano lamacento da corrupção. Agora, escorraçado do Palácio do planalto no rastro do afastamento de Dilma Rousseff, o PT troca os fios e retoma o palavrório da probidade. Mas faz isso ignorando o fato de ter sido o protagonista do período mais corrupto da história brasileira.
Presidente nacional do PT, Rui Falcão publica nesta segunda-feira (16), no sítio eletrônico do partido, artigo em que classifica de “usurpador” o governo de Michel Temer (PMDB). Como se não bastasse o excesso de ironia que sobra nas hostes do partido, Falcão disse que “num ministério sem mulheres e negros, com vários ministros investigados por corrupção” haverá revogação de direitos sociais.
Se há no Brasil um partido sem condições morais para fazer críticas a adversários, esse é o PT, que luta contra o tempo para não desaparecer do mapa político nacional. O partido usou o escândalo do Mensalão como laboratório da roubalheira e transformou o Petrolão no maior esquema de corrupção de todos os tempos.
Ao longo dos treze anos em que o partido esteve no poder central, as equipes ministeriais abrigaram mulheres e negros, o que não significa que os direitos sociais avançaram de forma inusitada. Se abrir espaço para mulheres e negros na equipe de governo é política social, que Rui Falcão explique o que significa o histórico endividamento das famílias, a corrosão do salário mínimo pela inflação e a disparada do desemprego.
Ademais, considerando que os governos de Lula e Dilma contaram com a participação de muitos corruptos investigados na Operação Lava-Jato, qualquer crítica à gestão de Michel Temer é despeito ou falta de espelho na sede do partido.
O PT usou o dinheiro desviado da Petrobras para levar adiante um projeto criminoso de poder, mas Rui Falcão ousa ressurgir em cena como uma ode à moralidade. O presidente dos petistas mais uma vez perdeu a chance de ficar calado, obrigado os brasileiros a nova enxurrada de sandices.