Condenado a 23 anos de prisão, Dirceu ainda não explicou como consegue pagar caro advogado

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Mergulhado em silêncio obsequioso desde que foi preso, em 3 de agosto de 2015, na Operação Pixuleco – décima sétima fase da Operação Lava-Jato, o petista José Dirceu de Oliveira e Silva foi condenado a 23 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro.

A condenação de Dirceu foi decidida pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos da operação que desarticulou o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão. Ainda cabe recurso à decisão de Moro, que condenou outras dez pessoas no mesmo processo.

“O mais perturbador, porém, em relação a José Dirceu de Oliveira e Silva consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470, havendo registro de recebimentos pelo menos até 13/11/2013”, destacou Sérgio Moro na sentença.

Para o magistrado, a condenação não inibiu o ex-chefe da Casa Civil para a reiteração criminosa. “Agiu, portanto, com culpabilidade extremada, o que também deve ser valorado negativamente”, acrescentou o juiz.


O processo em questão focou as muitas irregularidades constantes em contratos com empresas terceirizadas que gravitavam na órbita da diretoria de Serviços da Petrobras. Essas empresas pagavam mensalmente a Dirceu um determinado valor, usando como intermediário o lobista Milton Pascowitch, um dos delatores da Lava-Jato. Na denúncia, o Ministério Público Federal ressaltou que foi dessa maneira que José Dirceu fez fortuna.

Muito estranhamente, há alguns meses, o responsável pela defesa de Dirceu, o criminalista Roberto Podval, disse que seu cliente não estava recebendo visitas regulares dos filhos, pois os mesmos tinham dificuldades para custear os gastos com viagens até Curitiba, onde o petista encontra-se preso. Ou seja, a fala do advogado não combina com a denúncia do MPF e tampouco com o esquema de corrupção do qual Dirceu participou ativamente.

Sem trabalhar desde o dia da sua prisão, o que enseja o não recebimento de quaisquer recursos financeiros, José Dirceu precisa explicar às autoridades da Lava-Jato como consegue pagar os honorários de um dos mais caros e badalados advogados do País. Considerando que criminalistas não saem de seus escritórios sem receber boa parte dos honorários, há algo muito mal explicado nesse imbróglio.

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