Em cerca de seis meses, o grupo J&F, dono do frigorífico Friboi, recebeu R$ 4 bilhões em financiamentos públicos. A Caixa Econômica Federal foi a maior financiadora.
O banco federal emprestou R$ 3,15 bilhões, operação que surpreendeu o mercado por ser pouco usual no Brasil. A CEF financiou, em dezembro de 2015, a integralidade da compra das ações da Alpargatas que estavam nas mãos da Camargo Corrêa e foram passadas para a J&F Investimentos. A Caixa liberou R$ 2,7 bilhões em um empréstimo com prazo de pagamento de 7 anos, com dois de carência.
Apesar da surpresa que tomou o mercado financeiro por causa do negócio, para alguns executivos que auxiliaram na transação não provocou estranheza o fato de a J&F ter comprado a Alpargatas. Eles afirmaram que a J&F já estava no páreo e era forte concorrente porque se propôs liquidar o negócio à vista, sem fazer o “due diligence”, apuração mais detalhada da situação da empresa que está sendo adquirida. De acordo com esses executivos, contudo, boa parte da diligência já podia ser feita com as informações prestadas na abertura do processo.
Segundo a CEF, foi um negócio vultoso. O maior cliente do banco, a Petrobrás, possui créditos no valor total de R$ 11,5 bilhões, que vêm sendo concedidos ao longo dos anos. De uma vez, o banco emprestou 23% desse valor para a J&F.
O banco estatal não comenta o negócio. Porém, por meio de nota, informou que o dinheiro da operação veio da parte de “recursos livres” da instituição, ou seja, não foi usado orçamento de fundos estatais ou dinheiro carimbado para financiamentos imobiliários.
A J&F destacou que não comenta sua estratégia de financiamento. Mas, segundo documento registrado pela empresa, os juros cobrados pela Caixa foram de CDI mais 3% ao ano (17,25%), e a garantia dada foram as ações da Vigor, empresa que pertence ao J&F.