Após gravações, interino Michel Temer tem o dever de demitir ministro da Transparência

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Presidente da República interino, Michel Temer (PMDB) tentou montar um ministério de notáveis, mas a grave crise econômica, que depende de aprovação de matérias contundentes no Congresso Nacional, exigiu que a equipe fosse formada por congressistas. Isso colocou o governo provisório em situação de dificuldade, pois muitos ministros são alvo de investigações, em especial no âmbito da Operação Lava-Jato. Contudo, Temer foi célere ao demitir Romero Jucá, senador (PMDB-RR) que ocupava o Ministério do Planejamento, depois da divulgação de gravação feita por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Ciente de que muitos percalços ainda surgirão, Michel Temer encerrou o final de semana com um novo problema. O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, que assumiu a pasta que substituiu a Controladoria-Geral da União (CG), é responsável pelo combate à corrupção no âmago do governo, mas, em gravação feita por Machado na casa de Renan Calheiros, tece críticas à Operação Lava-Jato e orienta o presidente do Senado a não antecipar informações à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Silveira é funcionário de carreira do Senado e, sob essa ótica, não cometeu qualquer ilícito, mas sua atitude não o credencia para assumir ministério tão importante, sem contar o grave momento enfrentado pelo País. Ademais, sua decisão de orientar Renan e Sérgio Machado em relação à PGR é no mínimo antipatriótica.


Se todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, como prega a Constituição Federal de 1988, assim como espera-se que o governo interinos seja movido pela isonomia, o presidente Michel Temer tem o dever de agira com Fabiano Silveira da mesma forma implacável com que agiu no caso de Romero Jucá. É preciso demitir Silveira, antes que o escândalo comece a corroer um governo que enfrenta resistência por parte de alguns setores da sociedade.

Não se trata de antecipar e sacramentar a culpa de Fabiano Silveira no caso em questão, mas quando o assunto é governança deve prevalecer a teoria da mulher de César, Pompéia Sula, a quem não bastava ser honesta, mas parecer como tal.

Diante da nova confusão que chacoalha o governo Michel Temer não tem escolha, a não ser a demissão imediata de Fabiano Silveira, pois sua permanência à frente da antiga CGU só piorará o cenário atual e fermentará ainda mais o enfadonho discurso do golpe, que na versão dos agora oposicionistas tinha o esvaziamento da Lava-Jato como objetivo.

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