Presidente da República em exercício e à espera de uma decisão do Senado para ser efetivado no cargo, Michel Temer tem sido econômico nas palavras ao rebater as acusações feitas pela atual oposição, que age de forma revanchista e raivosa, como se o Brasil não precisa de políticos responsáveis e com postura republicana.
Não se pode negar que as gravações feitas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, produziram estragos no âmago do governo interino, os quais foram levianamente explorados pelos opositores, mas é inaceitável que Michel Temer deixe de responder à altura as acusações que fazem os integrantes da tropa de choque da afastada Dilma.
A oposição age tão malandramente, que a defesa de Dilma Rousseff, na seara do processo de impeachment, anexou o áudio das gravações de Machado com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). A ideia é mostrar aos julgadores da petista que houve um golpe, evidenciado na fala de Jucá, que sugeriu o estancamento da “sangria” e um plano para salvar Lula. Ou seja, o advogado da presidente afastada, José Eduardo Martins Cardozo, que provar que o aludido golpe tinha como meta a interrupção da Operação Lava-Jato.
Somente alguém desprovido de massa cinzenta pode fazer tal afirmação, pois não há no País alguém com poder para frear as investigações que desmontaram o maior esquema de corrupção da história, o Petrolão, que só foi adiante por conta da conivência explícita dos petistas palacianos.
Cardozo, que foi ministro da Justiça e advogado-geral da União, deveria poupar-se de vexames dessa natureza, pois sabe que é impossível barrar a Operação Lava-Jato, cujas investigações estão sob o comando do Ministério Público Federal. Ou seja, qualquer proposta de interrupção da operação é mero devaneio de um grupo de desesperados.
Por outro lado, Michel Temer não pode reagir de forma fleumática às insinuações oposicionistas, pois os acusadores são os mesmos que defenderam os que, enquanto no governo Dilma, tentaram obstruir o trabalho da Justiça. Entre os petistas cinco estrelas que tentaram obstruir a Lava-Jato estão a própria presidente afastada, o lobista-palestrante Lula – nomeado ministro para fugir da garras do juiz Sérgio Moro –, Delcídio Amaral (senador cassado) e o ex-ministro Aloizio Mercadante.
Fora isso, José Eduardo Cardozo agiu de maneira criminosa ao negociar uma reviravolta no processo de impeachment de Dilma Rousseff, algo que materializou-se, durante parcas horas, na fracassada tentativa de anulação dos atos de Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara dos Deputados.
Se Michel Temer tem o direito de não nominar os adversários envolvidos na falcatrua que foi gestada no Palácio do Planalto com o aval da afastada Dilma, mas que pelo menos diga que afastou todos aqueles que ousaram sugerir a interrupção da Lava-Jato. Algo que a petista não fez por covardia política e conveniência partidária.