Depois da roubalheira no Pan e na Copa, PF identifica desvios de R$ 85 mi em obras da Rio-2016

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O Brasil é o país da piada pronta, como afirma o jornalista José Simão, colunista da “Folha de S. Paulo”. Rouba-se há séculos e de maneira contumaz, sempre nos mesmos moldes, mas nada muda em relação aos protagonistas da roubalheira.

Alguém há de afirmar que o País passa por um processo de assepsia na esteira da Operação Lava-Jato, mas por enquanto o que se conseguiu foi minimizar ligeiramente o estrago que continua avançando.

Nesta terça-feira (7), a Polícia Federal (PF) deflagrou Operação Bota-Fora, com direito a oito mandados de busca e apreensão na sede do Consórcio Complexo Deodoro, responsável pela construção de arenas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

A ação da PF – em conjunto com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (MTFC), antiga Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal e a Receita Federal – tem como objetivo desarticular um esquema de desvios de recursos públicos, de cerca de R$ 85 milhões, nas obras do Complexo Esportivo Deodoro – Área Norte, que faz parte da infraestrutura para a Rio-2016.

De acordo com o comunicado do MTFC, as irregularidades foram detectadas a partir de fiscalização realizada em meados de 2015, quando foram detectados “indícios de falsificação nos registros dos volumes de resíduos das obras de construção civil, que são transportados do local das obras e depositados em um local de despejo, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense”.

A partir da fiscalização, a controladoria constatou que os volumes de resíduos foram superfaturados pelo Consórcio Complexo Deodoro, formado pelas empreiteiras Queiroz Galvão e OAS, mediante falsificação dos documentos e da contratação de uma empresa que atuaria como “laranja” para simular o transporte e a disposição do material residuário das obras.


A obra de construção do Complexo Esportivo Deodoro – Área Norte tem orçamento de pouco mais de R$ 600 milhões. Modalidades como a canoagem slalom, ciclismo BMX, tiro, hipismo e hóquei sobre grama ocorrerão neste espaço durante o evento.

Nos últimos dez anos, o Brasil foi palco de roubos milionários na área esportiva, mas nada foi feito para evitar que o crime continuasse. Os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, tinha como orçamento inicial o valor de R$ 386 milhões, mas ao final das obras o custo ultrapassou os R$ 5 bilhões. Nada aconteceu com os envolvidos nesse roubo escandaloso ficou no esquecimento.

Quando a FIFA, em 31 de outubro de 2007, anunciou o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que se tratava de um equívoco da entidade futebolística e de uma tremenda irresponsabilidade do governo brasileiro. A bordo dessa decisão estava um punhado de interesses escusos, que virem à tona na construção dos estádios.

Em Brasília, que jamais teve campeonato de futebol que justificasse a construção de uma arena esportiva, o Estádio Mané Garrincha custou a fortuna de R$ 2,2 bilhões. Em países europeus, estádios muito melhores que o de Brasília foram erguidos por menos de um terço desse valor. Ou seja, alguém se beneficiou do superfaturamento.

Essa prática criminosa prevaleceu em todos os estádios da Copa que receberam dinheiro público, sem que os envolvidos tivessem se preocupado em algum momento com as consequências. O estádio do Corinthians, popularmente conhecido como Itaquerão, também é alvo de investigação. A arena alvinegra estava inicialmente orçada em R$ 850 milhões, mas custou R$ 1,4 bilhão. A diretoria do clube de Parque São Jorge rebate a informação e garante que a obra custou menos de R$ 1 bilhão.

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